sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que Ellen White escreveu sobre a eternidade de Cristo?

A primeira declaração de Ellen White que vai contradizer aquilo que os seus contemporâneos ensinavam sobre a natureza de Cristo vai ser feita em1869. Ela aparece no livro Testemunhos Seletos, vol.1, p. 219: “Este Salvador era o resplendor da glória de Seu Pai, e a expressa imagem de Sua pessoa. Possuía majestade divina, perfeição e excelência. Era igual a Deus.”

A partir desse momento, ela vai paulatinamente enfatizando a plena divindade de Cristo. Em outro claro sinal de rompimento com o antitrinitarianismo que existia no meio adventista, em 1878 ela vai declarar que Cristo é o “Filho eterno”.i Sobre essa citação Jerry Moon comenta que “Ellen G. White não compreendia sua eterna filiação como significando derivação do Pai. A filiação em sua preexistência denotava que Ele era da mesma natureza do Pai, em unidade e íntimo relacionamento com o Pai; mas isto não sugeria que Cristo tivera um princípio, por que ao assumir a carne humana Cristo tornou-se o Filho de Deus ‘em um novo sentido’.”ii

“Em Sua encarnação obteve nova intuição do título de Filho de Deus. Disse o anjo a Maria: ‘A virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.’ Lc 1.35. Ao mesmo tempo que era Filho de um ser humano, tornou-Se o Filho de Deus num novo sentido. Assim Se achou Ele em nosso mundo - o Filho de Deus, mas ligado, pelo nascimento, à raça humana.” 1ME 226, 227.

Quando Cristo tornou-se “Filho de Deus num novo sentido”? Quando aconteceu a Sua encarnação, ou seja, quando Ele assumiu a natureza humana. Nesse momento Ele foi gerado por Deus e não antes.

No mesmo artigo, Ellen White deixa claro que a divindade de Cristo pressupõe a Sua eternidade e mesmo quando esteve na terra Ele permaneceu em ligação com Deus. “Desde a eternidade, esteve Cristo unido ao Pai, e quando assumiu a natureza humana, era ainda um com Deus.” Idem, 228.

A partir do ano que foi realizada a Conferência Geral de Minneapolis (1888), os escritos de Ellen White vão destacar a Sua divindade como fundamental para entender a mensagem da Justiça de Cristo (veja mais detalhes no capítulo 6).

Ao afirmar que Cristo compartilhava os mesmos atributos que Deus Pai ela estava preparando o caminho para defender a eternidade de Cristo:

“Os judeus nunca antes haviam ouvido palavras semelhantes de lábios humanos. Acompanhava-as uma influência convincente; pois poderia ser dito que a divindade resplandecia través da humanidade quando Jesus disse: ‘Eu e o Pai somos um.’ As palavras de Cristo eram repletas de profundo sentido ao expor a reivindicação de que Ele e o Pai eram da mesma essência, possuindo os mesmos atributos.” ST 27/11/1893.

No fim do século XIX, Ellen White já tem uma clara posição a favor da plena divindade de Cristo e de Sua eternidade. No mesmo artigo onde fala da Sua eternidade, ela declara que Cristo “existe por si mesmo”. Isso não deixa dúvidas que essa eternidade não é emprestada, mas é inerente a Ele. Ela é tão clara quanto é possível ser nesta questão, quando escreveu:

“Cristo é o Filho de Deus, preexistente, existente por Si mesmo. [...] Falando de Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus. [...]” Ev 615.

No ano anterior a essa declaração, a sra. White escreveu:

“Cristo lhes mostra que, embora eles considerassem que Sua vida era de menos de cinqüenta anos, todavia Sua existência divina não podia ser contada pelo cômputo humano. A vida de Cristo antes de Sua encarnação não se calcula por algarismos.” Idem, 616.

Em um artigo chamado “O verbo se fez carne” publicado na Review and Herald, 5 de abril de 1906, e profetisa não deixa dúvidas quanto ao que pensa sobre a eternidade de Cristo. Além declarar que a eternidade de Cristo é igual a do Pai, ela afirma que Ele existiu eternamente “como pessoa distinta”. Portanto Ellen White não concordava com seus companheiros de adventismo que ensinavam que Cristo foi gerado por Deus, em algum tempo na eternidade.

“A Palavra existiu como ser divino, a saber, o eterno Filho de Deus, em união e unidade com Seu Pai. Desde a eternidade era Ele o Mediador do concerto, Aquele em quem todas as nações da Terra, tanto judeus como gentios, se O aceitassem, seriam benditos. ‘O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.’ Jo 1.1. Antes de serem criados homens ou anjos, a Palavra [ou Verbo] estava com Deus, e era Deus.

“O mundo foi feito por Ele, ‘e sem Ele nada do que foi feito se fez’. Jo 1.3. Se Cristo fez todas as coisas, existiu Ele antes de todas as coisas. As palavras faladas com respeito a isso são tão positivas que ninguém precisa deixar-se ficar em dúvida. Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre.

“O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta, mas um com o Pai. Era Ele a excelente glória do Céu. Era o Comandante dos seres celestes, e a homenagem e adoração dos anjos era por Ele recebida como de direito. Isto não era usurpação em relação a Deus. [...]

“Há luz e glória na verdade de que Cristo era um com o Pai antes de terem sido lançados os fundamentos do mundo. Esta é a luz que brilhava em lugar escuro, fazendo-o resplender com a divina glória original. Esta verdade, infinitamente misteriosa em si, explica outros mistérios e verdades de outro modo inexplicáveis, ao mesmo tempo que se reveste de luz inacessível e incompreensível.” 1ME 247, 248.


Em 1897, ela volta a usar a expressão “Filho eterno” para se referir a Cristo. Mas será que ela diz isso por que acreditava que Cristo tinha sido gerado por Deus? Não, por que ela destaca que Ele existe por si mesmo: “Ele era igual a Deus, infinito e onipotente. ... É o Filho eterno, existente por Si mesmo.” Ev 615. Portanto, Ellen White não entendia que a eternidade do Filho era derivada, mas inerente.
fonte:em defesa do Espírito Santo de Alexandre Araujo
 

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