terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Em defesa da doutrina do santuário


  A existência do santuário celestial, pilar da fé adventista, é doutrina bíblica.
Segundo a Pena inspirada, à medida que nos aproximássemos do fim, a doutrina do santuário seria seriamente questionada tanto pelos de dentro como pelos de fora da igreja:

“Futuramente surgirão enganos de toda espécie e carecemos de terreno sólido para nossos pés. Necessitamos de sólidos pilares para o edifício. Nem a mínima coisa deverá ser omitida de tudo quanto o Senhor instituiu. O inimigo introduzirá doutrinas falsas, tais como a de que não existe um santuário. Este é um dos pontos em que alguns se apartarão da fé.” – Evangelismo, pág. 224.

Um dos primeiros a contestar a doutrina do santuário, entre os adventistas, foi Dudley M. Canright (1840-1919). Brilhante pregador, com vinte quatro anos foi ordenado a pastor. Depois de um ministério marcado por altos e baixos, rejeitou a sua antiga fé e tornou-se um antagonista do ministério profético de Ellen White e das principais doutrinas do adventismo, entre elas a do santuário. Os argumentos do seu livro o Seventh-day Adventism Renouced (Adventismo Renunciado) tornaram-se padrão para a rejeição dos ensinos adventistas. (1)

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, um evangelista inglês, Albion Fox Ballenger, depois de tentar e não ser bem sucedido em explicar o ritual do santuário durante uma conferência, ao término do culto afirmou: “Se Deus quiser, nunca mais pregarei até estar sabendo sobre o que estou pregando.” Mais tarde, ele abandonou o seu trabalho de evangelista e rejeitou o adventismo.

No fim da década 1970 e início dos anos 1980 repercutiu no meio adventista o caso do Dr. Desmond Ford. Ele fora professor de teologia no Colégio de Avondale, Austrália, e durante um seminário que reuniu significativo grupo de intelectuais adventistas, desafiou a Igreja dizendo que suas doutrinas, entre elas a do santuário, careciam de fundamento bíblico. (2)

No Brasil, os pensamentos do Dr. Ford encontraram acolhidos no coração de um leigo adventista. O Dr. Umbaldo Torres de Araújo era engenheiro e após renegar sua antiga fé, escreveu uma série de três livros, entre eles O Adventismo (3). Nesta obra ele ataca as principais doutrinas adventistas, entre elas o santuário.

De D. M. Canright à U. T. de Araújo os argumentos usados para se rejeitar a doutrina do santuário são os mesmos. Neste artigo estaremos examinando-os e demonstraremos a sua validade ou não.

Existe um santuário no céu, ou o céu é este santuário? Hb 9.24

O primeiro argumento usado para a rejeição da doutrina do santuário, conforme ensinada pelos adventistas, é que no céu não há um santuário, mas que o próprio céu seria este santuário. Para isso, cita-se Hb 9.24:

“Por que Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para comparecer agora por nós diante de Deus.”

A Nova versão internacional verteu esta passagem nestes termos: “Pois Cristo não entrou em santuário feito por homens, uma simples representação do verdadeiro; ele entrou nos céus, para agora se apresentar diante de Deus em nosso favor.”

Baseado nesta passagem Ubaldo T. de Araújo afirma que “Cristo, para chegar à presença de Deus entrou no Santíssimo celestial, o próprio Céu.” (4)  Assim ele nega a existência do Santuário Celestial e afirma que “o primeiro compartimento era símbolo da Terra, e o segundo, do santuário Celestial” (5)  [o próprio céu]. A questão que fica é: existe um santuário no Céu ou o Céu é este santuário? As implicações deste dilema são óbvias. Senão existe tal coisa como um santuário celestial então a doutrina adventista não tem respaldo bíblico. Se por outro lado, a Bíblia afirma que existe um Santuário celestial então como devemos entender esta passagem?

Na qualidade de que entrou Cristo no Céu para comparecer diante de Deus por nós? Na qualidade de Sumo sacerdote. “Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos”, Hb 4.14 (NVI).

Onde, e como que, devia Ele exercer Sua função sacerdotal? Onde? No céu. Como que? “Como ministro do Santuário do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu e não o homem”, Hb 8.2 (ARA).

Segundo este último texto há um santuário no céu e, portanto, não se trata nem do santuário terrestre e nem o próprio céu é o santuário.

Quando Moisés edificou o tabernáculo no deserto ele estava seguindo um modelo existente no céu (Hb 8.5 comparar com Ex 25.40; 26.30; 27.8).

A citação do altar de incenso e da arca da aliança no santuário no céu, no Apocalipse (8.5; 9.13; 11.19), dão-nos a certeza da reciprocidade entre o santuário terrestre e o celeste. Como o primeiro está relacionado com a obra intercessória e o segundo com o juízo não é difícil relacioná-lo com as duas fases do ministério de Cristo como sacerdote.

Além disso, o Apocalipse faz referências diretas a existência do Santuário no céu:

“Então saiu do santuário, que se encontra no céu...”, 14.17.

“E abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do testemunho”, 15.5.

“Abriu-se então o santuário de Deus que se acha no céu, e foi vista a arca da aliança no seu santuário”, 11.19.

Em Salmos muitas referências são feitas ao santuário de Deus que está no Céu: “O Senhor está no Seu santo templo; nos céus tem o Senhor seu trono” (cap.11.4). O templo referido nesta passagem é o celestial e não ao de Salomão.
A correta leitura então de Hb 9.24 seria:

“Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu ‘onde o verdadeiro santuário, que o Senhor erigiu, e na o homem’, se encontra, ‘para ali comparecer por nós perante Deus’.”

(Continua)

Referências
(1) OLIVEIRA, Enoch. A mão de Deus ao leme, págs. 181-187.
(2) Idem, pág. 134.
(3) As outras duas obras foram A Igreja de vidro, onde tentava desacreditar o ministério profético de Ellen G. White, e Pecador eu sou, transgressor, não!, dedicado a atacar a doutrina do sábado. Estas obras foram publicadas pelo autor e encontram-se esgotadas há muitos anos.
(4) ARAÚJO, Ubaldo Torres de. O adventismo, pág. 27.
(5) Idem, págs. 23 e 24.

 

Por: Alexandre de Araújo

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