sexta-feira, 29 de junho de 2012

A GENUINIDADE DA FÓRMULA BATISMAL


Pr. Roberto Biagini,
Mestrado em Teologia
Tem se levantado algumas dúvidas referentes à fórmula
batismal triádica (em nome de três) de Mat. 28:19, em detrimento
da doutrina bíblica trinitariana e em apoio da teoria dualista em
favor de uma fórmula monádica (em nome de um só).
Entretanto, os testemunhos bíblicos e históricos afirmam a
genuinidade da fórmula dada por Cristo em Mat. 28:19.
No batismo de Jesus, foi revelada a Trindade: O Filho sendo
batizado, o Pai fazendo‐Se ouvir, e o Espírito Santo descendo em
forma de pomba (Mat. 3:13‐17). Cremos que a fórmula da
Trindade no batismo lembra muito bem o batismo de Jesus, e se
soleniza em uma consagração completa ao Deus triúno.
Paulo em 1Cor. 6:11 diz que os cristãos foram ʺlavadosʺ ou
batizados e menciona o Pai como sendo Deus, o Filho como sendo
Jesus Cristo e o Espírito, como é óbvio sendo o Espírito Santo; aí,
portanto, estão as 3 pessoas da trindade, num batismo reconheci‐
do para todos os cristãos de Corinto, carta lida pelos demais
cristãos daquela época. Em 1Cor. 12:13, lemos que todos foram
batizados ʺem um só Espíritoʺ.
O Comentário da ʺBibleNetʺ escrito por mais de 25 eruditos
em línguas originais, diz: ʺEmbora alguns eruditos têm negado
que a fórmula batismal trinitariana na Grande Comissão era uma
parte do texto original de Mateus, não há manuscritos de apoio
para sua contenda. F.C.Conybeare (seguido pelos unitaristas)
baseou seu ponto de vista sobre uma defeituosa leitura das
citações de Eusébio desse texto [The Eusebian Form of the Text of
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Mt. 28:19, ZNW 2 – Zeitzchrift für die neutestamentliche Wissenschaft
(1901): 275‐88].ʺ
ʺPara discussão e refutação da conjectura que remove esta
fórmula batismal, ver B.J.Hubbard, The Matthean Redaction of a
Primitive Apostolic Commissioning (SBLDS 19), 163‐64, 167‐75; e em
Jane Schaberg, The Father, the Son, and the Holy Spirit (SBLDS 61),
27‐29.ʺ (Comentário da BibleNet sobre Mat. 28:19). Ver também
Robertson, The Christ of the Logia (em capítulo específico), onde ele
prova a genuinidade das palavras em foco.
O Dr. Deane, juntamente com os teólogos da obra erudita e
mundialmente famosa The Pulpit Commentary, aceita a veracidade
das palavras usuais; diz ele: ʺAs palavras do Senhor foram
sempre tomadas como a fórmula do batismo, e tem sido usada
em todas as épocas em sua administração.ʺ Disse mais o Dr.
Deane: ʺÉ verdade que nós lemos da igreja primitiva, de pessoas
sendo batizadas ʹem nome do Senhor Jesusʹ, e ʹem nome do
Senhorʹ (Atos 8:16; 10:48); mas esta expressão de modo nenhum
assume que o nome das outras Pessoas Divinas não foram
usadas... A fórmula acima tem sido considerada indispensável
de tempos primitivos para a válida administração desse
sacramentoʺ (ver ‘Apost. Can.,’ 41; Tertullian [160‐220 d.C], ‘De
Bapt.,’ 13.; Justin Martyr [100‐165 d.C.], ‘Apol.,’ 1:79).ʺ (W. J.
Deane, The Pulpit Commentary, vol. 15, parte II, p. 645, Mat. 28:19.
O termo ʺfórmulaʺ parece que está sendo uma pedra de
tropeço. Não há evidência de que essas palavras de Jesus em Sua
ordem para batizar tivessem de ser seguidas à risca, sem a
liberdade de novas formas de dizer, tanto é que sabemos que há
registros em que o uso da fórmula batismal monádica no ʺnome
de Jesusʺ (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; Rom. 6:3) foi usada. Isso
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prova que houve uma necessidade de adaptação para pessoas que
deviam confessar sua fé no Messias, o que era de maior polêmica
e urgência para aquele momento. Mas o batismo no nome de
Jesus tem a mesma autoridade e validade, pois aceitar a Cristo
equivale a aceitar a Deus o Pai que providenciou a salvação, e ao
Espírito Santo que nos convence do pecado para a mesma
salvação em Cristo.
Entretanto, temos evidências de outros fatos. E. Riggenbach
e C. Bertelsmann apontam que, tanto quanto datava o Didachê
(ʺEnsinoʺ – Manual de Princípios Cristãos do séc. II), batismo no
nome de Jesus e batismo no nome da Trindade coexistem lado a
lado (Der Trinitarische Taufbefehl Matt. 28:19 e Gutersloh, 1901).
Portanto, a igreja não estava limitada por precisas fórmulas e não
sentia nenhum embaraço em usar uma porção delas.
Disse o Dr. Lightfoot acerca dos batismos usados nos tempos
primitivos: ʺOs judeus batizavam prosélitos em nome do Pai, isto
é, na profissão de Deus, a quem eles chamavam pelo nome de Pai.
Os apóstolos batizavam os judeus em nome de Jesus o Filho, e aos
gentios, no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santoʺ (Lightfootʹs
Works, vol. 2, p. 274).
O registro acerca do batismo monádico, ou seja, no nome de
um só dos membros da Divindade, ʺnão significa que não se
usava a fórmula batismal regular da Comissão. Significa especial‐
mente que se destacava o nome de Jesus na obra do Evangelhoʺ
(F.D, Nichol, CD‐rom Fundamentos de la Esperança, Artículos
Generales, La Iglesia Cristiana Primitiva, IX. De los Ritos a los
Sacramentos, El Bautismo). Ora, a grande verdade aceita e
combatida era o fato de que Jesus Cristo era o Messias. Batismo
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em Seu nome era um reconhecimento desse fato, especialmente
para os judeus.
Há registros das duas fórmulas no Novo Testamento como
também depois, na literatura cristã primitiva.
1) No Novo Testamento:
a) Mat. 28:19 que contém a fórmula batismal triádica de
Cristo; além de evidências em 1Cor. 6:11; 12:13.
b) Atos 2:38; 10:48; 19:5, que contém a fórmula monádica, dos
apóstolos.
2) O Didaquê, ou seja o ʺEnsino dos 12 apóstolosʺ cap. 7 e 9
que ʺusa tanto o nome simples, como os três nomes em conexão
com o batismoʺ. (SDA Bible Commentary, vol. 6, p. 147 – ênfase
acrescentada).
3) Ambrósio (340‐397 d.C., Bispo de Milão em 374) declarou,
concernente à fórmula batismal dos apóstolos: ʺAquele que
menciona um, significa a Trindade. Se você diz Cristo, você
designou também Deus o Pai, de quem o Filho foi ungido, e
também o Filho, o próprio Ungido, e o Espírito Santo por quem
Ele foi ungidoʺ. (Patrologia Latina, vol. XVI, col. 743; ou De Spiritu
Sancto, I. 3).
4) Publius foi batizado por um diácono, em Roma, no ano
100, e este usou a fórmula: ʺEu te batizo em nome de Jesus Cristo.ʺ
(Rev. Time, 05/12/1955).
5) Testemunho histórico do século I : ʺDurante o tempo da
vida de Jesus, o judaísmo praticou vários ritos batismais... O
Evangelho segundo S. Mateus retrata o Cristo ressurreto que
formulou a ‘grande comissão’ a Seus seguidores: ʹJesus,
aproximando‐se falou‐lhes, dizendo:... fazei discípulos de todas as
nações, batizando‐os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
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Santo...ʹ Mat. 28:19‐20. O batismo ocupou um lugar de grande
importância na comunidade cristã do 1o século ... O mínimo
irredutível para um batismo válido era o uso da água e a
invocação da Trindade.ʺ (Encyclopedia Britannica, ed. 1979, vol. 1,
pág. 798).
Se, portanto, há testemunhos históricos das 2 fórmulas, e são
exatos, por que anular uma das duas, aliás a do próprio Cristo?
Os apóstolos não intencionavam desfazer o que Cristo ordenou;
apenas usaram uma variante que significava a mesma coisa,
conforme já dissera Ambrósio.
Com efeito, as duas fórmulas são válidas. Lemos em S.
Mateus 28:19 que o batismo deve ser em um só nome: ʺem NOME
do Pai, e do Filho e do Espírito Santoʺ. Não diz ʺnomesʺ, porque
as três Pessoas da Trindade, embora sejam distintas, têm um
nome só, e o nome é YAHWEH: 1) O Pai é Jeová: Isa. 64:8; 2) o
Cristo é Jeová: cf. Sal. 23:l com João 10:7, 11; 3) o Espírito Santo é
Jeová: cf. Isa. 6:5‐10 com At. 28:25‐27, onde a voz de Jeová que
dizia, era o Espírito falando. Ora, se o Nome dos três é um só e o
mesmo, faz alguma diferença batizar no nome de algum deles,
indistintamente?
Qual era a grande controvérsia dos tempos apostólicos? Qual
era a necessidade do momento e ocasião dos apóstolos? Não era a
ênfase de Jesus como o Messias? (Mat. 26:63; 27:22; João 9:22; João
20:31; Atos 2:36,38; 9:22; 17:3; 18:5; 18:28)
Paulo confirma a fórmula batismal de Cristo em 1Cor. 6:11 ao
dizer que os coríntios foram lavados ʺem o NOME do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus (o Pai)ʺ. Aí está
claramente a evidência do batismo em nome da Trindade. Aliás,
esse sempre foi o ensino do NT, desde o princípio, quando Jesus
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Cristo foi batizado: o Pai Se fez presente em Sua voz, o Filho
estava sendo batizado, e o Espírito Santo Se revelou em forma de
pomba (Mateus 3:16‐17; Marcos 1:9‐11; Lucas 3:21‐22). Estava
confirmado o batismo na própria presença das Três Pessoas da
Divindade.
Assim, pôde dizer o Dr. Albert Barnes, ao comentar Atos
2:38: ʺEm nome de Jesus Cristo... isso não significa que ao
administrar a ordenança do batismo eles usassem somente o
nome de Jesus. É muito mais provável (conforme vimos nos registros
históricos acima) que eles usaram a forma prescrita pelo próprio
Salvador em S. Mateus 28:19. Se a marca peculiar de um cristão é
que ele recebe e honra a Jesus Cristo, este nome é usado aqui
como implicando o todo [ou seja, os Três Seres da Trindade]. A
mesma coisa ocorre em Atos 19:5.ʺ (Barnes, Notes on Acts, Baker
Book House, 1956, p. 53 – itálicos acrescentados).
Conclusões:
1) Alguns eruditos que dizem que a presente fórmula
batismal não foi redação de Mateus não têm base nos manuscritos
para sua tese, conforme dizem muitos outros eruditos.
2) Temos o testemunho de todas as dezenas de versões
bíblicas eruditas, baseadas nos melhores manuscritos, que aceitam
a fórmula.
3) Grandes comentaristas, dicionaristas e lingüistas famosos
por sua erudição e conhecimento das línguas e do texto sagrado,
aceitaram a fórmula. Podemos citar: Albert Barnes, John Gill,
Martinho Lutero, João Calvino, Adam Clark, Keil e Delizsch,
James Strong, Robertson, Lightfoot, Jamieson, Fausset e Brown,
etc.
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4) Temos o apoio do Espírito de Profecia, porque Ellen White
aceita a fórmula batismal da trindade, sem questioná‐la (O
Desejado de Todas as Nações, p. 819:4; Atos dos Apóstolos, págs.
30, 282; Serviço Cristão, p. 24; Conselhos sobre Saúde, p. 316).
Lembre‐se, portanto, de que as duas fórmulas foram usadas,
e de que os apóstolos ao usarem o nome de Jesus, referiam‐se por
implicação, à Trindade. O mesmo Paulo que afirmou o batismo
ʺem Cristo Jesusʺ (Rom. 6:3, Gál. 3:27), também afirmou o batismo
na Trindade (como vimos em 1Cor. 6:11; 12:13). Portanto, quem
profere o nome de ʺJesusʺ o faz ʺpelo Espírito Santoʺ (1Cor. 12:3),
o qual também nos induz a dizer: ʺAba, Pai!ʺ (Rom. 8:15; Gál. 4:6).

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