quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Espírito é distinto do pai e do filho



Quando estudamos esta questão com alguém que se recusa a aceitar a doutrina bíblica da Trindade, ele costuma usar uma forma de pensamento circular que dificulta a sua compreensão do tema. Se são apresentadas evidências de que o Espírito Santo é um ser pessoal, o contendor contra argumento dizendo que Ele é o espírito do Pai ou do Filho. Se você demonstra a distinção dos membros da divindade, o pensamento é que Ele não é um ser pessoal. Se são apresentadas evidências da distinção entre o Espírito Santo e o Pai então o opositor diz que Ele é o espírito do Filho. Se demonstramos que Ele não é o Filho, então Ele só pode ser o Pai conclui quem questiona essa doutrina. É necessário mostrar o quadro todo para que o estudante perceba a beleza da pintura. Enquanto ele ficar se atendo a detalhes e não compreender o conjunto revelado pelas Escrituras será difícil provar que o Espírito Santo é a terceira pessoa da divindade celestial.
Agora que já demonstramos claramente a personalidade do Espírito Santo, a questão que fica em aberto é a distinção entre Ele e os demais membros da divindade, o Pai e o Filho. Primeiro, vamos ver se o Santo Espírito é distinto do Pai.
O Espírito Santo não é Deus Pai, pois o próprio Jesus disse: “E eu (Jesus) pedirei ao Pai, e Ele (o Pai) lhes dará outro Conselheiro (o Espírito Santo, conforme o versículo 26)”. Em Lc 11.13, Jesus prometeu: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!”. Nessa passagem, doador e dádiva não podem ser confundidos.
Jesus distingue-se do Espírito Santo também quando disse: “Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na que há de vir.” Mt 12.32. Se pecar contra Jesus não é a mesma coisa que pecar contra o Espírito Santo então eles são pessoas distintas.
Talvez alguém possa tentar contra-argumentar dizendo que esse pecado é o mesmo que pode ser feito contra o Pai: “Respondeu o Senhor a Moisés: ‘Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim’.” Ex 32.33. Se assim for, então pecar contra o Espírito Santo seria o mesmo que pecar contra o Pai, portanto Eles não seriam a mesma pessoa? Contudo, pecar contra o Pai não é a mesma coisa que pecar contra o Espírito.
A expressão idiomática hebraica “riscarei do meu livro” significa “condenar a morte”, “cair no esquecimento” (veja Êx 17.14; Dt 25.19, ARA) enquanto que para Jesus o pecado contra o Espírito Santo era resistir as evidências de que a Sua obra era divina. Ao atribuir essa obra a Satanás, para lhe negar a autoridade, é pecar contra o Espírito Santo. Agora, vamos ver se o Espírito Santo é o espírito do Pai.
Por fim, vamos ver se distinção entre os três membros da divindade é bíblica. O escritor de Hebreus usa um argumento baseado nos costumes da velha aliança para mostrar por que é perigoso brincar com o pecado:

Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebermos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus. Quem rejeitava a Lei de Moisés morria sem misericórdia pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei’, e outra vez: ‘O Senhor julgará o seu povo’. Terrível coisa é cair nas nãos do Deus vivo.” Hb 10.26-31.

A lógica argumentativa usado pelo apóstolo refere-se ao costume de só condenar alguém por algum pecado público se houvesse o depoimento de duas ou mais testemunhas. A palavra de uma pessoa não podia condenar ninguém. Para Hebreus o cristão que permanece em pecado é condenado pelo depoimento de três testemunhas: o Filho de Deus, o Espírito da graça (é outra forma de se referir ao Espírito Santo) e o Deus vivo (referência ao Pai). Assim, o crente recalcitrante é condenado pelo testemunho das três pessoas da divindade. Para o apóstolo a Trindade era formada por três pessoas distintas e iguais em autoridade.
Por último, percebemos a distinção entre os membros da Trindade no batismo de Jesus: “Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre Ele. Então uma voz dos céus disse: ‘Este é o meu filho amado [fala do Pai], em quem me agrado’.” (Mt 3.16, 17). Saindo da água estava o Filho. Falando do céu se ouve a voz de Deus e por fim o Espírito Santo se revela na forma corpórea de uma pomba.
Os opositores da doutrina da Trindade afirmam que o Espírito Santo é chamado de Espírito de Deus e que, portanto, o autor está se referindo ao Pai também.i Enquanto o evangelista Marcos O chama apenas de “o Espírito” (Mc 1.10), Lucas o denomina “Espírito Santo” (Lc 3.22). Como veremos mais a frente, assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo recebe diversos nomes, incluindo o de Espírito de Deus. Isso não significa que Espírito Santo é o Pai, ou mesmo o Filho. Apesar de Jesus também ser chamado de Jeová na Bíblia, tal como o Pai, nem por isso confundimos as duas pessoas.

i Eu e o pai somos um, p. 55.

Nenhum comentário:

Postar um comentário