quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Deus aceita o divócio e novo casamento da parte inocente?


Há Embasamento Bíblico para o Divórcio e Novo Casamento? - Parte I

No estudo a seguir, é tida uma argumentação baseada em diversas considerações sobre o tema, divididas em 10 tópicos. Sem conter muitas vezes explicações contextuais, é feita a argumentação de forma sucinta; demonstrando assim o que as Escrituras ensinam sobre o tema, e de ordem mais específica uma breve análise da palavra fornicação.  

O estudo será divido em duas partes, e assim sendo, será publicada posteriormente a Parte Final.

O estudo começa diretamente analisando o episódio bíblico que diz que José era marido de Maria quando esta descobre estar grávida, mas também diz estar Maria desposada de José. (Mateus 1:18-20).

1)         A explicação do episódio de José e Maria é que era necessário José dar carta de divórcio, que era como fosse um documento que anularia seu primeiro compromisso: seu pacto antenupcial. Maria estava desposada, porém, não haviam contraído núpcias. Na Bíblia é considerado justo José fazer isto, por isso é avisado em sonho para não fazê-lo, pois ela (Maria) não tinha sido infiel a ele. O livro de Mateus justifica José quanto a este caso, mostrando que era este o ensinamento de Jesus posteriormente (19:9). Era um divórcio justo tanto na lei mosaica (pois era uma segurança para o noivo, e não baseada na dureza do coração), como para Cristo que autorizou uma exceção à regra neste caso, para continuar o moço com a segurança. Porém o certo seria que, mesmo neste caso, o marido que descobrisse na noite de núpcias a infidelidade da moça, a perdoasse, e aceitasse o seu arrependimento se esse se demonstrasse, pois durante o noivado não houve arrependimento nem confissão. Na verdade, Jesus rejeitou ambas as escolas da época, rejeitou a lei mosaica (aonde continha a permissão de divórcios pela dureza de coração), e tudo o que defendesse o divórcio, pois chamou atenção para plano de Deus, antes do pecado, quanto à instituição gêmea ao Sábado, o Matrimônio.

2)         É questionável todas as interpretações quanto ao que significa a afirmação dos discípulos em Mateus 19:10: “Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.”. Alguns entendem como uma simples declaração demonstrando quanto ao risco que há em um matrimônio, testificando que é uma escolha sem volta, ou seja, não há divórcio, sendo assim uma escolha errada acarretaria fardo maior do que seria ter ficado só.

Contudo é de se estranhar à forma que se introduz na Bíblia a fala deles. É sempre bom lembrar que nessa época, os discípulos alimentavam vários erros de interpretação sobre diversas coisas, e sabemos que muitas vezes foram muito incrédulos com Cristo. Pode ser que eles eram bem rígidos quanto ao assunto do casamento (acreditavam que só por adultério deveria haver o divórcio, e não por qualquer motivo, por exemplo), porém, com a declaração de Jesus fechando qualquer porta, ficaram decepcionados e surpresos com a maior rigidez de Cristo, do que a deles mesmo, proferiram palavras de dúvida e frustração quanto ao valor do casamento.
Acaso não está certo Deus quando disse “não é bom que o homem fique só”? Não podemos negar isso, esta é Sua vontade, Seu plano, desde Adão e Eva. Porém, há uma permissão de Deus para que o homem que quiser ficar sozinho, que fique; como é o caso do apóstolo Paulo; mas por que ficar sozinho? Pelo menos dois motivos legítimos há: o primeiro é o mesmo do apóstolo Paulo, para servir ao Senhor constantemente (porém, nem todos têm esse dom). Ou pelo motivo de não haver uma escolha correta para o casamento, ou apenas haver uma escolha duvidosa; nestes casos, às vezes é preferível ficar sozinho a fazer uma escolha errada e sofrer amarguras pelo resto da vida. Com certeza isso (ser bom não ficar só), não contradiz o texto de Paulo, não há contradição na Bíblia, as Escrituras querem enaltecer o valor do casamento (apesar de não ser para todos), que é o que devemos fazer. Quanto a Paulo, ele não quer contradizer a vontade de Deus, mas quer dar uma permissão (divina, não devido há dureza de coração) para aqueles que sentem pesado demais o fardo do casamento, ou não há realmente uma escolha adequada; ou mesmo, até pelo melhor motivo possível, do qual Deus mais se agrada: que é o de servi-lo constantemente, pois aquele que se casar cuida de sua mulher. (I Coríntios 7:32-33).
Em Mateus 19.10-12 ensina Nosso Senhor que uma graça cristã especial é dada por Deus a discípulos que se sustentam na vida de solteiro, quando renunciam casar-se novamente de acordo com a lei de Cristo. Jesus não está dizendo que alguns de seus discípulos têm a habilidade de obedecer este casamento de não casar-se novamente e outros não. Ele está dizendo que a marca de um discípulo é que eles receberão um dom de continência, enquanto não-discípulos, não. A evidência para isto são os paralelos. 1) paralelo entre Mateus 19.11 e 13.11; 2) O paralelo entre Mateus 19.12 e 13.9,43 e 11.15; e 3) o paralelo entre Mateus 19.11 e 19.26.

3)         Muito usado pelos antidivorcistas é o argumento “estar em um segundo casamento é viver em adultério”, que além de ter apoio na língua materna (o grego), pela lógica dos fatos também está correto.
Por que digo isso: vamos criar um quadro de um casal que se separa por a mulher ter sido infiel, então o quadro se define como ela tendo sido adúltera (no passado). Mas continuando a história; esta mulher se casa novamente, une-se a um segundo marido. Logo, o divórcio que ela teve, e o novo casamento, caracteriza neste quadro adultério continuado, ela está sendo adúltera, porque ela pertence ao seu primeiro marido. Estando coabitando com este segundo, ela está sendo adúltera. O mesmo vale para o marido (a chamada "parte inocente"), pois, não foi desfeito perante Deus o primeiro e único casamento do casal. Mostra-se facilmente que é diferente a pessoa que rouba e deixa de roubar, mente e deixa de mentir (mentiu um dia, mas não mente mais), porém, no caso do adultério, está no presente, não deixou de adulterar. Enquanto a segundo união permanecer, a condição de adultério permanece. Isto é claro na Bíblia. Mais claro ainda quando vemos além dos textos dos Evangelhos, os de Coríntios (principalmente I Coríntios 7) e de Romanos (especialmente no capítulo 7 em que é referido o caso da mulher que é chamada de adúltera). Gostaria de acrescentar alguns comentários tirados do artigo “Divórcio e Novo Casamento é o mesmo que adultério continuado” de Pedro Almeida, que nos ajudam a entender a questão:
“A Bíblia deve ser pregada e as pessoas é que são responsáveis diante de Deus e pelas consequências de seus atos. Ela tem duas opções: Ou se reconcilia com o verdadeiro marido, ou fica como solteira (1Co. 7:11). O que não pode, é pessoas em situação de adultério, serem aceitas como membros de igrejas, ou exigirem membrezia. ...
“Desgraça seria para esse primeiro marido dessa mulher que poderia (hipoteticamente) estar esperando a reconciliação, mas vê a sua mulher vivendo com outro, e ainda ser aceita por uma igreja que diz crer na Bíblia.”


Gostaria de comentar algo mais sobre o episódio da vida de Davi, quando tomou a mulher de outro, e Deus permitiu. Uma passagem muito utilizada pelos divorcistas que dizem favorecer uma permissão de Deus ao segundo casamento. Primeiro que era tempo de permissão e não de restauração de todas as coisas(Atos 3:19-21); portanto, não pode se aplicar para nossos dias o caso de Davi. Segundo, um ponto que vários expositores do episódio deixam de dizer é que o marido de Bete-Sabá foi morto, ora, então ela estava livre para casar, logo, quando Davi casou com Bete-Sabá ela não mais “vivia em adultério”. Pecados gravíssimos Davi cometeu nesta questão; porém deles se arrependeu, e Deus o perdoou, sendo que ficaram no passado. Ela (Bete-Sabá) não ficou sendo chamada adúltera, por que era viúva. Porque seu marido tinha morrido, foi possível a união de ambos. Com certeza Deus não aceitaria a união deles se vivesse o marido, e enquanto Davi vivesse com Bete-Sabá, seria ela chamada de adúltera por Deus (Rom. 7:3). Há também um detalhe importante: Na época de Davi era permitido o divórcio, era permitida a poligamia do rei (Davi teve várias mulheres, antes de Bete-Sabá, e não se divorciou de nenhuma delas), também havia prostitutas em Israel e concubinas para o rei, que eram toleradas. Era tudo isto um claro desvio da vontade de Deus para com Seu povo.

4)         Apesar de que quando alguém se levanta para falar contra o divórcio possa parecer muito duro, e que para muitos deve haver mais misericórdia quando tratado o assunto, uma pessoa que quer analisar fielmente o assunto, deve o tratar sem condescendência. Muito embora haja quem diga como o rei Acabe que é um “perturbador de Israel” a pessoa que revela o pecado para libertar o pecador, apesar de parecer diversas vezes muito rígida ou extremista esta pessoa, não há motivo de ir contra, pois este quer remir do pecado e de um mundo perdido o pecador. O próprio Cristo pareceu duro demais quando não cedeu a nada que os fariseus disseram. Há por diversas vezes um choque do pecado, com a norma elevada de Deus. Porém, não podemos condescender.
Na verdade, a única forma de uma pessoa em seu segundo casamento voltar para Cristo completamente, sem reservas, é deixando sua condição de adultério e voltando para seu verdadeiro marido, ou que fique só. Pode parecer duro, mas não há outro jeito se quisermos ser fiéis à vontade de Deus. Quanto às alegações que fazem as pessoas para se divorciar, concordo com o que é dito no artigo já citado:
“Não há parte "inocente" num divórcio. Há pecados de comissão e omissão. Há recusa em prover: o amor conjugal, o carinho, o cuidado, o afeto genuíno e muitas outras omissões que os olhos não vêem. Mesmo que não haja algo como citado, quando um casamento fracassa os dois falharam”.

            Realmente é importante evitarmos ao máximo o casamento errado dentro da Igreja; deve haver séria conscientização, e com sabedoria pastores e obreiros devem lidar constantemente com estes assuntos relacionados ao bem-estar de uma vida inteira, que é o casamento; e mesmo entre os casados deve ser dito da tolerância que deve haver entre eles nas diferenças etc. Deve-se nas igrejas realmente ser pregado que o casamento é um contrato vitalício, o qual é testificado pelo Céu.
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