A primeira declaração de Ellen White que vai contradizer
aquilo que os seus contemporâneos ensinavam sobre a natureza de Cristo
vai ser feita em1869. Ela aparece no livro Testemunhos Seletos, vol.1,
p. 219: “Este Salvador era o resplendor da glória de Seu Pai, e a
expressa imagem de Sua pessoa. Possuía majestade divina, perfeição e
excelência. Era igual a Deus.”
A partir desse momento, ela vai
paulatinamente enfatizando a plena divindade de Cristo. Em outro claro
sinal de rompimento com o antitrinitarianismo que existia no meio
adventista, em 1878 ela vai declarar que Cristo é o “Filho eterno”.i
Sobre essa citação Jerry Moon comenta que “Ellen G. White não
compreendia sua eterna filiação como significando derivação do Pai. A
filiação em sua preexistência denotava que Ele era da mesma natureza do
Pai, em unidade e íntimo relacionamento com o Pai; mas isto não sugeria
que Cristo tivera um princípio, por que ao assumir a carne humana Cristo
tornou-se o Filho de Deus ‘em um novo sentido’.”ii
“Em Sua
encarnação obteve nova intuição do título de Filho de Deus. Disse o anjo
a Maria: ‘A virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; pelo que
também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.’ Lc
1.35. Ao mesmo tempo que era Filho de um ser humano, tornou-Se o Filho
de Deus num novo sentido. Assim Se achou Ele em nosso mundo - o Filho de
Deus, mas ligado, pelo nascimento, à raça humana.” 1ME 226, 227.
Quando Cristo tornou-se “Filho de Deus num novo sentido”? Quando
aconteceu a Sua encarnação, ou seja, quando Ele assumiu a natureza
humana. Nesse momento Ele foi gerado por Deus e não antes.
No mesmo
artigo, Ellen White deixa claro que a divindade de Cristo pressupõe a
Sua eternidade e mesmo quando esteve na terra Ele permaneceu em ligação
com Deus. “Desde a eternidade, esteve Cristo unido ao Pai, e quando
assumiu a natureza humana, era ainda um com Deus.” Idem, 228.
A
partir do ano que foi realizada a Conferência Geral de Minneapolis
(1888), os escritos de Ellen White vão destacar a Sua divindade como
fundamental para entender a mensagem da Justiça de Cristo (veja mais
detalhes no capítulo 6).
Ao afirmar que Cristo compartilhava os
mesmos atributos que Deus Pai ela estava preparando o caminho para
defender a eternidade de Cristo:
“Os judeus nunca antes haviam
ouvido palavras semelhantes de lábios humanos. Acompanhava-as uma
influência convincente; pois poderia ser dito que a divindade
resplandecia través da humanidade quando Jesus disse: ‘Eu e o Pai somos
um.’ As palavras de Cristo eram repletas de profundo sentido ao expor a
reivindicação de que Ele e o Pai eram da mesma essência, possuindo os
mesmos atributos.” ST 27/11/1893.
No fim do século XIX, Ellen
White já tem uma clara posição a favor da plena divindade de Cristo e de
Sua eternidade. No mesmo artigo onde fala da Sua eternidade, ela
declara que Cristo “existe por si mesmo”. Isso não deixa dúvidas que
essa eternidade não é emprestada, mas é inerente a Ele. Ela é tão clara
quanto é possível ser nesta questão, quando escreveu:
“Cristo é
o Filho de Deus, preexistente, existente por Si mesmo. [...] Falando de
Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos
incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse
em íntima comunhão com o eterno Deus. [...]” Ev 615.
No ano anterior a essa declaração, a sra. White escreveu:
“Cristo lhes mostra que, embora eles considerassem que Sua vida era de
menos de cinqüenta anos, todavia Sua existência divina não podia ser
contada pelo cômputo humano. A vida de Cristo antes de Sua encarnação
não se calcula por algarismos.” Idem, 616.
Em um artigo chamado
“O verbo se fez carne” publicado na Review and Herald, 5 de abril de
1906, e profetisa não deixa dúvidas quanto ao que pensa sobre a
eternidade de Cristo. Além declarar que a eternidade de Cristo é igual a
do Pai, ela afirma que Ele existiu eternamente “como pessoa distinta”.
Portanto Ellen White não concordava com seus companheiros de adventismo
que ensinavam que Cristo foi gerado por Deus, em algum tempo na
eternidade.
“A Palavra existiu como ser divino, a saber, o
eterno Filho de Deus, em união e unidade com Seu Pai. Desde a eternidade
era Ele o Mediador do concerto, Aquele em quem todas as nações da
Terra, tanto judeus como gentios, se O aceitassem, seriam benditos. ‘O
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.’ Jo 1.1. Antes de serem
criados homens ou anjos, a Palavra [ou Verbo] estava com Deus, e era
Deus.
“O mundo foi feito por Ele, ‘e sem Ele nada do que foi feito
se fez’. Jo 1.3. Se Cristo fez todas as coisas, existiu Ele antes de
todas as coisas. As palavras faladas com respeito a isso são tão
positivas que ninguém precisa deixar-se ficar em dúvida. Cristo era,
essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde
toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre.
“O
Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade,
como pessoa distinta, mas um com o Pai. Era Ele a excelente glória do
Céu. Era o Comandante dos seres celestes, e a homenagem e adoração dos
anjos era por Ele recebida como de direito. Isto não era usurpação em
relação a Deus. [...]
“Há luz e glória na verdade de que Cristo era
um com o Pai antes de terem sido lançados os fundamentos do mundo. Esta
é a luz que brilhava em lugar escuro, fazendo-o resplender com a divina
glória original. Esta verdade, infinitamente misteriosa em si, explica
outros mistérios e verdades de outro modo inexplicáveis, ao mesmo tempo
que se reveste de luz inacessível e incompreensível.” 1ME 247, 248.
Em 1897, ela volta a usar a expressão “Filho eterno” para se referir a
Cristo. Mas será que ela diz isso por que acreditava que Cristo tinha
sido gerado por Deus? Não, por que ela destaca que Ele existe por si
mesmo: “Ele era igual a Deus, infinito e onipotente. ... É o Filho
eterno, existente por Si mesmo.” Ev 615. Portanto, Ellen White não
entendia que a eternidade do Filho era derivada, mas inerente.
fonte:em defesa do Espírito Santo de Alexandre Araujo
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