Pr.
Roberto Biagini,
Mestrado
em Teologia
Tem
se levantado algumas dúvidas referentes à fórmula
batismal
triádica (em nome de três) de Mat. 28:19, em detrimento
da
doutrina bíblica trinitariana e em apoio da teoria dualista
em
favor
de uma fórmula monádica (em nome de um só).
Entretanto,
os testemunhos bíblicos e históricos afirmam a
genuinidade
da fórmula dada por Cristo em Mat. 28:19.
No
batismo de Jesus, foi revelada a Trindade: O Filho sendo
batizado,
o Pai fazendo‐Se ouvir, e o Espírito Santo descendo em
forma
de pomba (Mat. 3:13‐17). Cremos que a fórmula da
Trindade
no batismo lembra muito bem o batismo de Jesus, e se
soleniza
em uma consagração completa ao Deus triúno.
Paulo
em 1Cor. 6:11 diz que os cristãos foram ʺlavadosʺ ou
batizados
e menciona o Pai como sendo Deus, o Filho como sendo
Jesus
Cristo e o Espírito, como é óbvio sendo o Espírito Santo; aí,
portanto,
estão as 3 pessoas da trindade, num batismo reconheci‐
do
para todos os cristãos de Corinto, carta lida pelos demais
cristãos
daquela época. Em 1Cor. 12:13, lemos que todos foram
batizados
ʺem um só Espíritoʺ.
O
Comentário da ʺBibleNetʺ escrito por mais de 25 eruditos
em
línguas originais, diz: ʺEmbora alguns eruditos têm negado
que
a fórmula batismal trinitariana na Grande Comissão era uma
parte
do texto original de Mateus, não há manuscritos de apoio
para
sua contenda. F.C.Conybeare (seguido pelos unitaristas)
baseou
seu ponto de vista sobre uma defeituosa leitura das
citações
de Eusébio desse texto [The Eusebian Form of the Text of
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às 100 Perguntas sobre a Trindade
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Mt.
28:19, ZNW 2 – Zeitzchrift für die neutestamentliche Wissenschaft
(1901):
275‐88].ʺ
ʺPara
discussão e refutação da conjectura que remove esta
fórmula
batismal, ver B.J.Hubbard, The Matthean Redaction of a
Primitive
Apostolic Commissioning (SBLDS 19), 163‐64, 167‐75; e em
Jane
Schaberg, The Father, the Son, and the Holy Spirit (SBLDS 61),
27‐29.ʺ
(Comentário da BibleNet sobre Mat. 28:19). Ver também
Robertson,
The Christ of the Logia (em capítulo específico), onde ele
prova
a genuinidade das palavras em foco.
O
Dr. Deane, juntamente com os teólogos da obra erudita e
mundialmente
famosa The Pulpit Commentary, aceita a veracidade
das
palavras usuais; diz ele: ʺAs palavras do Senhor foram
sempre
tomadas como a fórmula do batismo, e tem sido usada
em
todas as épocas em sua administração.ʺ Disse mais o Dr.
Deane:
ʺÉ verdade que nós lemos da igreja primitiva, de pessoas
sendo
batizadas ʹem nome do Senhor Jesusʹ, e ʹem nome do
Senhorʹ
(Atos 8:16; 10:48); mas esta expressão de modo nenhum
assume
que o nome das outras Pessoas Divinas não foram
usadas...
A fórmula acima tem sido considerada indispensável
de
tempos primitivos para a válida administração desse
sacramentoʺ
(ver ‘Apost. Can.,’ 41; Tertullian [160‐220 d.C], ‘De
Bapt.,’
13.; Justin Martyr [100‐165 d.C.], ‘Apol.,’ 1:79).ʺ
(W. J.
Deane,
The Pulpit Commentary, vol. 15, parte II, p. 645, Mat. 28:19.
O
termo ʺfórmulaʺ parece que está sendo uma pedra de
tropeço.
Não há evidência de que essas palavras de Jesus em Sua
ordem
para batizar tivessem de ser seguidas à risca, sem a
liberdade
de novas formas de dizer, tanto é que sabemos que há
registros
em que o uso da fórmula batismal monádica no ʺnome
de
Jesusʺ (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; Rom. 6:3) foi usada.
Isso
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às 100 Perguntas sobre a Trindade
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prova
que houve uma necessidade de adaptação para pessoas que
deviam
confessar sua fé no Messias, o que era de maior polêmica
e
urgência para aquele momento. Mas o batismo no nome de
Jesus
tem a mesma autoridade e validade, pois aceitar a Cristo
equivale
a aceitar a Deus o Pai que providenciou a salvação, e ao
Espírito
Santo que nos convence do pecado para a mesma
salvação
em Cristo.
Entretanto,
temos evidências de outros fatos. E. Riggenbach
e
C. Bertelsmann apontam que, tanto quanto datava o Didachê
(ʺEnsinoʺ
– Manual de Princípios Cristãos do séc. II), batismo no
nome
de Jesus e batismo no nome da Trindade coexistem lado a
lado
(Der Trinitarische Taufbefehl Matt. 28:19 e Gutersloh, 1901).
Portanto,
a igreja não estava limitada por precisas fórmulas e não
sentia
nenhum embaraço em usar uma porção delas.
Disse
o Dr. Lightfoot acerca dos batismos usados nos tempos
primitivos:
ʺOs judeus batizavam prosélitos em nome do Pai, isto
é,
na profissão de Deus, a quem eles chamavam pelo nome de Pai.
Os
apóstolos batizavam os judeus em nome de Jesus o Filho, e aos
gentios,
no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santoʺ (Lightfootʹs
Works,
vol. 2, p. 274).
O
registro acerca do batismo monádico, ou seja, no nome de
um
só dos membros da Divindade, ʺnão significa que não se
usava
a fórmula batismal regular da Comissão. Significa especial‐
mente
que se destacava o nome de Jesus na obra do Evangelhoʺ
(F.D,
Nichol, CD‐rom Fundamentos de la Esperança, Artículos
Generales,
La Iglesia Cristiana Primitiva, IX. De los Ritos a los
Sacramentos,
El Bautismo). Ora, a grande verdade aceita e
combatida
era o fato de que Jesus Cristo era o Messias. Batismo
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às 100 Perguntas sobre a Trindade
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em
Seu nome era um reconhecimento desse fato, especialmente
para
os judeus.
Há
registros das duas fórmulas no Novo Testamento como
também
depois, na literatura cristã primitiva.
1)
No Novo Testamento:
a)
Mat. 28:19 que contém a fórmula batismal triádica de
Cristo;
além de evidências em 1Cor. 6:11; 12:13.
b)
Atos 2:38; 10:48; 19:5, que contém a fórmula monádica, dos
apóstolos.
2)
O Didaquê, ou seja o ʺEnsino dos 12 apóstolosʺ cap. 7 e 9
que
ʺusa tanto o nome simples, como os três nomes em conexão
com
o batismoʺ. (SDA Bible Commentary, vol. 6, p. 147 –
ênfase
acrescentada).
3)
Ambrósio (340‐397 d.C., Bispo de Milão em 374) declarou,
concernente
à fórmula batismal dos apóstolos: ʺAquele que
menciona
um, significa a Trindade. Se você diz Cristo, você
designou
também Deus o Pai, de quem o Filho foi ungido, e
também
o Filho, o próprio Ungido, e o Espírito Santo por quem
Ele
foi ungidoʺ. (Patrologia Latina, vol. XVI, col. 743; ou De Spiritu
Sancto,
I. 3).
4)
Publius foi batizado por um diácono, em Roma, no ano
100,
e este usou a fórmula: ʺEu te batizo em nome de Jesus Cristo.ʺ
(Rev.
Time, 05/12/1955).
5)
Testemunho histórico do século I : ʺDurante o tempo da
vida
de Jesus, o judaísmo praticou vários ritos batismais... O
Evangelho
segundo S. Mateus retrata o Cristo ressurreto que
formulou
a ‘grande comissão’ a Seus seguidores: ʹJesus,
aproximando‐se
falou‐lhes, dizendo:... fazei discípulos de todas as
nações,
batizando‐os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
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Santo...ʹ
Mat. 28:19‐20. O batismo ocupou um lugar de grande
importância
na comunidade cristã do 1o século ... O mínimo
irredutível
para um batismo válido era o uso da água e a
invocação
da Trindade.ʺ (Encyclopedia Britannica, ed. 1979, vol. 1,
pág.
798).
Se,
portanto, há testemunhos históricos das 2 fórmulas, e são
exatos,
por que anular uma das duas, aliás a do próprio Cristo?
Os
apóstolos não intencionavam desfazer o que Cristo ordenou;
apenas
usaram uma variante que significava a mesma coisa,
conforme
já dissera Ambrósio.
Com
efeito, as duas fórmulas são válidas. Lemos em S.
Mateus
28:19 que o batismo deve ser em um só nome: ʺem NOME
do
Pai, e do Filho e do Espírito Santoʺ. Não diz ʺnomesʺ, porque
as
três Pessoas da Trindade, embora sejam distintas, têm um
nome
só, e o nome é YAHWEH: 1) O Pai é Jeová: Isa. 64:8;
2) o
Cristo
é Jeová: cf. Sal. 23:l com João 10:7, 11; 3) o Espírito Santo é
Jeová:
cf. Isa. 6:5‐10 com At. 28:25‐27, onde a voz de Jeová
que
dizia,
era o Espírito falando. Ora, se o Nome dos três é um só e o
mesmo,
faz alguma diferença batizar no nome de algum deles,
indistintamente?
Qual
era a grande controvérsia dos tempos apostólicos? Qual
era
a necessidade do momento e ocasião dos apóstolos? Não era a
ênfase
de Jesus como o Messias? (Mat. 26:63; 27:22; João 9:22; João
20:31;
Atos 2:36,38; 9:22; 17:3; 18:5; 18:28)
Paulo
confirma a fórmula batismal de Cristo em 1Cor. 6:11 ao
dizer
que os coríntios foram lavados ʺem o NOME do Senhor
Jesus
Cristo e no Espírito do nosso Deus (o Pai)ʺ. Aí está
claramente
a evidência do batismo em nome da Trindade. Aliás,
esse
sempre foi o ensino do NT, desde o princípio, quando Jesus
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Cristo
foi batizado: o Pai Se fez presente em Sua voz, o Filho
estava
sendo batizado, e o Espírito Santo Se revelou em forma de
pomba
(Mateus 3:16‐17; Marcos 1:9‐11; Lucas 3:21‐22). Estava
confirmado
o batismo na própria presença das Três Pessoas da
Divindade.
Assim,
pôde dizer o Dr. Albert Barnes, ao comentar Atos
2:38:
ʺEm nome de Jesus Cristo... isso não significa que ao
administrar
a ordenança do batismo eles usassem somente o
nome
de Jesus. É muito mais provável (conforme vimos nos registros
históricos
acima) que eles usaram a forma prescrita pelo próprio
Salvador
em S. Mateus 28:19. Se a marca peculiar de um cristão é
que
ele recebe e honra a Jesus Cristo, este nome é usado
aqui
como
implicando o todo [ou seja, os Três Seres da Trindade]. A
mesma
coisa ocorre em Atos 19:5.ʺ (Barnes, Notes on Acts, Baker
Book
House, 1956, p. 53 – itálicos acrescentados).
Conclusões:
1)
Alguns eruditos que dizem que a presente fórmula
batismal
não foi redação de Mateus não têm base nos manuscritos
para
sua tese, conforme dizem muitos outros eruditos.
2)
Temos o testemunho de todas as dezenas de versões
bíblicas
eruditas, baseadas nos melhores manuscritos, que aceitam
a
fórmula.
3)
Grandes comentaristas, dicionaristas e lingüistas famosos
por
sua erudição e conhecimento das línguas e do texto sagrado,
aceitaram
a fórmula. Podemos citar: Albert Barnes, John Gill,
Martinho
Lutero, João Calvino, Adam Clark, Keil e Delizsch,
James
Strong, Robertson, Lightfoot, Jamieson, Fausset e Brown,
etc.
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às 100 Perguntas sobre a Trindade
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4)
Temos o apoio do Espírito de Profecia, porque Ellen White
aceita
a fórmula batismal da trindade, sem questioná‐la (O
Desejado
de Todas as Nações, p. 819:4; Atos dos Apóstolos, págs.
30,
282; Serviço Cristão, p. 24; Conselhos sobre Saúde, p. 316).
Lembre‐se,
portanto, de que as duas fórmulas foram usadas,
e
de que os apóstolos ao usarem o nome de Jesus, referiam‐se por
implicação,
à Trindade. O mesmo Paulo que afirmou o batismo
ʺem
Cristo Jesusʺ (Rom. 6:3, Gál. 3:27), também afirmou o batismo
na
Trindade (como vimos em 1Cor. 6:11; 12:13). Portanto, quem
profere
o nome de ʺJesusʺ o faz ʺpelo Espírito Santoʺ (1Cor. 12:3),
o
qual também nos induz a dizer: ʺAba, Pai!ʺ (Rom. 8:15; Gál. 4:6).
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