Quando
estudamos esta questão com alguém que se recusa a aceitar a
doutrina bíblica da Trindade, ele costuma usar uma forma de
pensamento circular que dificulta a sua compreensão do tema. Se são
apresentadas evidências de que o Espírito Santo é um ser pessoal,
o contendor contra argumento dizendo que Ele é o espírito do Pai ou
do Filho. Se você demonstra a distinção dos membros da divindade,
o pensamento é que Ele não é um ser pessoal. Se são apresentadas
evidências da distinção entre o Espírito Santo e o Pai então o
opositor diz que Ele é o espírito do Filho. Se demonstramos que Ele
não é o Filho, então Ele só pode ser o Pai conclui quem questiona
essa doutrina. É necessário mostrar o quadro todo para que o
estudante perceba a beleza da pintura. Enquanto ele ficar se atendo a
detalhes e não compreender o conjunto revelado pelas Escrituras será
difícil provar que o Espírito Santo é a terceira pessoa da
divindade celestial.
Agora
que já demonstramos claramente a personalidade do Espírito Santo, a
questão que fica em aberto é a distinção entre Ele e os demais
membros da divindade, o Pai e o Filho. Primeiro, vamos ver se o Santo
Espírito é distinto do Pai.
O
Espírito Santo não é Deus Pai, pois o próprio Jesus disse: “E
eu (Jesus) pedirei ao Pai, e Ele (o Pai) lhes dará outro Conselheiro
(o Espírito Santo, conforme o versículo 26)”. Em Lc 11.13, Jesus
prometeu: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas
aos seus filhos, quanto mais o Pai
que está nos céus
dará
o Espírito Santo
a quem o pedir!”. Nessa passagem, doador e dádiva não podem ser
confundidos.
Jesus
distingue-se do Espírito Santo também quando disse: “Todo aquele
que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas
quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta
era nem na que há de vir.” Mt 12.32. Se pecar contra Jesus não é
a mesma coisa que pecar contra o Espírito Santo então eles são
pessoas distintas.
Talvez
alguém possa tentar contra-argumentar dizendo que esse pecado é o
mesmo que pode ser feito contra o Pai: “Respondeu o Senhor a
Moisés: ‘Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim’.”
Ex 32.33. Se assim for, então pecar contra o Espírito Santo seria o
mesmo que pecar contra o Pai, portanto Eles não seriam a mesma
pessoa? Contudo, pecar contra o Pai não é a mesma coisa que pecar
contra o Espírito.
A
expressão idiomática hebraica “riscarei do meu livro” significa
“condenar a morte”, “cair no esquecimento” (veja Êx 17.14;
Dt 25.19, ARA) enquanto que para Jesus o pecado contra o Espírito
Santo era resistir as evidências de que a Sua obra era divina. Ao
atribuir essa obra a Satanás, para lhe negar a autoridade, é pecar
contra o Espírito Santo. Agora, vamos ver se o Espírito Santo é o
espírito do Pai.
Por
fim, vamos ver se distinção entre os três membros da divindade é
bíblica. O escritor de Hebreus usa um argumento baseado nos costumes
da velha aliança para mostrar por que é perigoso brincar com o
pecado:
“Se
continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebermos o
conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados,
mas tão somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo
intenso que consumirá os inimigos de Deus. Quem rejeitava a Lei de
Moisés morria sem misericórdia pelo depoimento de duas ou três
testemunhas. Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele
que pisou aos pés o Filho
de Deus,
profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e
insultou o Espírito
da graça?
Pois conhecemos aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu
retribuirei’, e outra vez: ‘O Senhor julgará o seu povo’.
Terrível coisa é cair nas nãos do
Deus vivo.”
Hb 10.26-31.
A
lógica argumentativa usado pelo apóstolo refere-se ao costume de só
condenar alguém por algum pecado público se houvesse o depoimento
de duas ou mais testemunhas. A palavra de uma pessoa não podia
condenar ninguém. Para Hebreus o cristão que permanece em pecado é
condenado pelo depoimento de três testemunhas: o Filho de Deus, o
Espírito da graça (é outra forma de se referir ao Espírito Santo)
e o Deus vivo (referência ao Pai). Assim, o crente recalcitrante é
condenado pelo testemunho das três pessoas da divindade. Para o
apóstolo a Trindade era formada por três pessoas distintas e iguais
em autoridade.
Por
último, percebemos a distinção entre os membros da Trindade no
batismo de Jesus: “Assim que Jesus
foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele
viu o
Espírito de Deus
descendo como pomba e pousando sobre Ele. Então uma voz dos céus
disse: ‘Este é o meu filho amado [fala do Pai],
em quem me agrado’.” (Mt 3.16, 17). Saindo da água estava o
Filho. Falando do céu se ouve a voz de Deus e por fim o Espírito
Santo se revela na forma corpórea de uma pomba.
Os
opositores da doutrina da Trindade afirmam que o Espírito Santo é
chamado de Espírito de Deus e que, portanto, o autor está se
referindo ao Pai também.i
Enquanto o evangelista Marcos O chama apenas de “o Espírito” (Mc
1.10), Lucas o denomina “Espírito Santo” (Lc 3.22). Como veremos
mais a frente, assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo recebe
diversos nomes, incluindo o de Espírito de Deus. Isso não significa
que Espírito Santo é o Pai, ou mesmo o Filho. Apesar de Jesus
também ser chamado de Jeová na Bíblia, tal como o Pai, nem por
isso confundimos as duas pessoas.
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