Preparamos um estudo com o seguinte título:
“É o casamento um concerto vitalício?”
No entanto, alguns sentiram a
necessidade de que algo fosse dito ou explicado sobre alguns textos de Ellen
White que parecem apoiar o novo casamento principalmente em base de divórcio
como é o caso de Walter C. ou irmão J, e com base em adultério como aparece no
texto do livro Lar Adventista pág. 344.
Vamos primeiramente fazer alguns
considerações sobre o texto do livro Lar Adventista:
“Vi que a irmã ------, por ora, não tem
direito de desposar outro homem; mas se ela, ou qualquer outra mulher, obtiver
um divórcio legal na base de adultério por parte do marido, então está livre
para casar com quem quiser.” Manuscrito 2, 1863 (Carta 4a,
1863).
Talvez este texto seja o que mais
parece dar à parte inocente o direito de um novo casamento. Algumas
considerações, porém, mostrar-nos-á que os que apoiam o novo casamento com base
nesta passagem estão apoiados em um fundamento frágil e sem estrutura teológica
e histórica. Vejamos os motivos:
1º - Textos de Cartas Pessoais de Ellen
White.
Geralmente todos os textos que parecem
dar direito ao novo casamento são retirados de cartas pessoais de Ellen White,
como é o texto que estamos considerando. Isto é perigoso, pois Ellen White
escreveu muitas coisas de natureza totalmente comuns e não baseada em alguma
revelação Divina.
2º - Os Conselhos Pessoais de Ellen
White e a Bíblia.
Se a passagem em foco revela um ponto
doutrinário a guiar as decisões de casamento e novo casamento no meio do povo
de Deus, então estaríamos de frente com uma grande contradição entre o que
Ellen White escreveu e o que encontramos na Bíblia. Jesus disse:
“Qualquer que deixa sua mulher, e casa
com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido,
adultera também.” Lucas 16:18.
Façamos aqui uma comparação para
entendermos melhor:
Digamos que Manuel abandonou dona
Josefa e se casou com Francisca. Ele estará em adultério com dona Francisca
segundo as palavras de Jesus e os escritos de Ellen White. Dona Josefa, que é a
parte inocente, a qual fora abandona por seu Manuel, segundo o texto de Lucas,
se voltar a casar-se novamente, mesmo sendo a parte inocente, estará também em
adultério. Mas, segundo a carta de Ellen White, ela não estaria em pecado, já
que seu marido a abandonou e cometeu adultério! E então, o que fazer?
Parece que existe, por parte de alguns,
a tendência de darem mais importância ao que Ellen White escreveu sobre casos
pessoais e comuns do que àquilo que Jesus disse. Talvez porque isto atende a
seus desejos humanos e suas concepções equivocadas de misericórdia.
Não que os escritos de Ellen White não
tenham peso doutrinário, pois cremos que eles constituem uma revelação de Deus
a Seu povo por meio de Sua serva. Porém, devemos ter certos critérios para com
certas cartas (não todas), por tratarem estas de assuntos pessoais.
Outro detalhe a considerar é que, mesmo
algumas igrejas que apoiam o novo casamento para a parte considerada inocente e
isto baseados em poucas declarações não da Bíblia, mas de Ellen White, acabam
por permitir também o novo casamento mesmo para a parte considerada culpada.
Isto é lastimável. Geralmente, um pecado aparentemente menor abre caminho para
outro bem maior. Precisamos estar atentos para este fato.
3º - Os Conselhos Pessoais e o que
Ellen White Escreveu de acordo com a Palavra de Deus.
Além de uma grande contradição com a
Bíblia, esta carta de Ellen White vai contra muitos outros textos que ela
escreveu. Vejamos:
“Esse votos ligam os destinos de duas
pessoas com laços que coisa alguma senão a mão da morte deve
desatar.” - Testemunhos Seletos, vol. 1,
pág 576; Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 14.
Aqui, nada se falou sobre adultério ou
divórcio, mas apenas da morte como sendo a única razão ou motivo para por fim a
um casamento.
“O casamento, união
vitalícia, é símbolo da união entre Cristo e a igreja.” - Testemunhos para a Igreja, vol. 7, pág. 46.
Vitalício: Que dura a vida inteira. Ou
seja, nos escritos inspirados de Ellen White o casamento é um concerto
vitalício, pois o mesmo deve durar a vida toda. Isto está sem dúvida alguma de
acordo com o propósito e o plano de Deus como encontrado na Bíblia Sagrada!
“O casamento é um passo que se dá por toda
a vida. Tanto o homem como a mulher devem considerar cuidadosamente se
podem viver um ao lado do outro através de todas as dificuldades da vida enquanto
ambos viverem.” - Lar Adventista pág. 340.
“O voto matrimonial que une o marido à
sua esposa deve permanecer intacto...”. - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 78.
“Herodes sentiu-se afetado ao ouvir os
poderosos, diretos testemunhos de João, e com profundo interesse indagou o que
precisava fazer para tornar-se seu discípulo. João estava familiarizado com o
fato de que ele estava prestes a casar-se com a mulher de seu irmão, estando
o marido ainda vivo, e fielmente declarou a Herodes que isto
não era lícito.” - Primeiros Escritos, pág. 154.
Devemos nos lembrar ou não esquecer que
a obra do povo de Deus nestes últimos dias é simbolizada pela de João batista
(Conselhos sobre Regime Alimentar, pág. 71).
Então, eu fico me perguntando por que
estes textos muitas vezes não são citados? Percebe-se assim que muitos são
bastante tendenciosos e unilaterais quando expõem a questão.
Quando afirmamos que os escritos de
Ellen White não se contradizem com a Bíblia, nos referimos às revelações do
Espírito de Deus a ela. Em seu dia a dia, apesar de ter sido uma profetiza, ela
tinha suas deficiências e erros. Ela mesma escreveu:
“Com relação à infalibilidade, nunca a
pretendi; unicamente Deus é infalível. Sua palavra é a verdade, e não há nEle
mudança ou sombra de variação.” - Mensagens Escolhidas, vol. 1,
pág. 37.
4º - Não Tomar os Escritos de Ellen
White Como Regra na Questão do Casamento.
O que Ellen White escreveu sobre
casamento não deve ser tomado como regra se o que ela escreveu não for abonado
pela Bíblia. Vejamos:
“Quando foi solicitado a W.C. White que
apresentasse uma declaração de sua mãe, a qual pudesse servir como
padrão pelo qual se analisassem os casos de casamento em desacordo
com as Escrituras, ele respondeu: Depois de você ler os documentos que
hoje lhe enviei, você dirá: Bem, ele não apresenta nenhuma
declaração taxativa da irmã White que responda diretamente a questão.
Acredito, contudo, que você perceberá através dos documentos que lhe envio, que foi
intenção da Sra. White que não saísse de sua pena coisa alguma que pudesse
servir como lei ou regra, segundo a qual devesse ser tratada esta questão do
casamento, divórcio, novo casamento e adultério. Ela sentia que os
diferentes casos em que o diabo conseguira envolver as pessoas seriam tão
variados e sérios, que, escrevesse ela algo que pudesse ser tomado
como regra para tais casos, ocorreria compreensão errônea e mau uso de seus
escritos.” – W. C. White, em carta a C.P. Bollman, 6 de janeiro de
1931.” - Testemunhos sobre Conduta
Sexual Adultério e Divórcio, pág. 8,9.
Mesmo a profetiza tomando todos os
cuidados, hoje se faz uso de algumas cartas pessoais dela sobre esta questão, e
querem fazer com que estas cartas sejam palavra decisiva na questão de divórcio
e novo casamento. Ellen White jamais intencionou tal coisa, pois ela sabia que
diversas situações envolveriam esta questão e, portanto, não se poderia fazer
uma regra única para definir todos os casos. Usar suas cartas pessoais, as
quais tratavam sobre assuntos singulares de casos específicos e utilizar estas
cartas para definir outros casos que podem ser parecidos, mas em contexto
totalmente diverso e diferente, é fazer mau uso dos escritos de Ellen White.
5º - Nenhum Conselho Diferente de
Paulo.
Nos últimos anos de vida de Ellen White
ela se recusou a dar qualquer opinião sobre esta questão de divórcio ou
separação. Mesmo porque ela sabia que sua opinião, ainda que pessoal, poderia
ser utilizada de forma errônea. Lemos:
“Mamãe recebeu durante os últimos vinte
anos muitas cartas indagando acerca dos assuntos que
você escreve, e muitas vezes ela escreveu em resposta, dizendo que não
tinha conselho algum a dar diferente daquele do apóstolo Paulo.
Recentemente ela se recusou a lidar com cartas desse tipo,
dizendo que não as levássemos a seu conhecimento.” Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 219.
Como se pode notar, ela percebeu que
não deveria opinar sobre este ponto, que o único conselho que tinha para dar,
era o mesmo do apóstolo Paulo. Lembremos o que Paulo escreveu sobre isto:
“Porque a mulher que está sujeita ao
marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei;
mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De
sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se
for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da
lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.” Romanos 7:2-3.
“Todavia, aos casados mando, não eu mas
o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que
fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não
deixe a mulher.” I Coríntios 7:10-11.
“A mulher casada está ligada pela lei todo
o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o
seu marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no
Senhor.” I Corintios 7:39.
Esta postura de Ellen White sobre o
casamento, com certeza não era a mesma que ela havia deixado transparecer em
alguma carta pessoal no tempo em que não tinha ainda luz suficiente sobre o
assunto.
Então perguntamos: Nos escritos
inspirados de Ellen White, é o casamento um concerto vitalício? Respondemos:
Sem dúvida alguma, e graças a Deus por isto!
Ou seja, no fim de sua vida, Ellen
compreendia que esta era a posição mais segura, e justamente esta posição é que
nós como igreja temos adotado ao longo dos anos!
6º - A Igreja Deve Decidir com Base no
“Está Escrito”.
Apesar de esta ser a posição geral que
a profetiza adotou, a saber, que somente a morte de um dos cônjuges desfaz uma
união segundo a Bíblia, atitude adotada até hoje por nós como povo, a igreja deve
estar capacitada a dar uma posição de acordo com “os diferentes casos
em que o diabo conseguira envolver as pessoas.” Comparando o que ela
muitas vezes pensava com o que ela lia nas páginas sagradas, Ellen White chegou
à conclusão que não era dever dela ditar nenhuma regra única a ser seguida
baseada nos “tão variados e sérios” casos de casamento e separação.
Sobre isto Ellen White escreveu:
“Não acredito que quaisquer questões
como estas devessem ser postas diante de mim. Não creio ser meu trabalho lidar
com tais casos, a não ser que eles sejam plenamente abertos diante de mim. Na
igreja devem existir irmãos capazes de falar decididamente a respeito deste
caso. Não consigo compreender tais coisas.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 219.
Em alguns casos, a decisão da igreja,
relativamente a alguém, pode ser a de que tal pessoa “se for para o
Céu, deverá ir sozinho, sem a comunhão da igreja. Uma
permanente censura da parte de Deus e da igreja deve estar sobre ele, para
que o padrão de moralidade não seja rebaixado ao pó.” -
Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 215.
7º - O Povo de Israel e Moisés, Ellen
White e a Igreja Adventista.
Existe um paralelo interessante entre o
povo de Israel e o povo adventista em muitos detalhes, e, nesta questão de
casamento e divórcio, de forma especial. Jesus disse que foi por causa da
dureza do coração que Moisés havia dado permissão para o divórcio (Mateus
19:8). Moisés, mesmo sendo o profeta de Deus, falou algo, segundo as circunstâncias da
época, que na verdade nunca esteve no coração de Deus, a saber, que um homem
pudesse dar carta de divórcio à sua esposa (Deuteronômio 24:1), “pois o
Eterno, o Deus Todo poderoso de Israel, diz: Eu odeio o divórcio; eu
odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.” (Malaquias
2:16. BLH).
Semelhantemente, Ellen White, ainda nos
primórdios de seu ministério profético, também deu certos conselhos sobre a
questão do casamento que, em realidade, segundo as circunstancias da
época, não retratavam a perfeita vontade Divina. O tempo e a vontade de
Deus, porém, revelada em sua Palavra, a ensinou sobre isto.
No tempo de Israel, o divórcio foi
permitido por causa da dureza do coração. E como foi a experiência da igreja
Adventista comparando-a com a nação israelita? Lemos:
“A mesma desobediência e o
mesmo fracasso observados na igreja judaica têm caracterizado em maior
grau o povo que recebeu esta grande luz do Céu através das últimas
mensagens de advertência.” - Testemunhos Seletos, vol. 2,
pág. 157.
Isto justifica também a posição inicial
de Ellen White sobre casamento e divórcio na igreja Adventista, igreja que
possuía a mesma fraqueza da igreja Judaica, porém, em maior grau em todos os
aspectos, inclusive na questão matrimonial, posição corrigida no futuro, quando
Deus convidou então Seu povo para uma “completa reforma” atendida por 2%
da igreja Adventista. - Testemunhos para Ministros, pág. 514; Serviço Cristão
pág. 40,41.
Algumas pessoas questionam por que
Ellen White nesta carta escreve como se Deus tivesse dado a ela uma revelação
especial, ao escrever: "Vi que...". No entanto, esta expressão
pode ser compreendida de duas formas:
1ª - O "vi que" pode
significar que ela "entendeu que...", ou seja, um ponto de
vista humano da profetiza.
2ª - Que Deus havia dado a ela uma
revelação especial sobre aquele assunto. Neste caso, entendemos perfeitamente o
motivo da igreja Adventista repetir em muitos aspectos a mesma história do povo
de Israel também na questão do divórcio. Moisés, sendo o profeta da igreja
naquele tempo, disse, sob orientação e inspiração Divina, que um homem podia
divorciar-se de sua esposa se encontrasse nela alguma coisa que o desagradasse.
Semelhantemente, Ellen White, por volta do ano de 1863, como profetiza da
igreja, deu um parecer similar ao que Moisés havia dado devido à dureza de
coração do povo do advento. Mesmo Moisés dando ao povo um conselho sobre
inspiração Divina semelhante ao de Ellen White, Jesus deixou claro que isto não
estava nos planos originais de Deus, e que o divórcio fora permitido por causa
da dureza do coração do povo. Se na igreja Adventista esta dureza de coração
foi maior, o que se poderia esperar da profetiza à semelhança do que fez
Moisés? No entanto, é sempre bom ter em mente que o plano original de Deus tão
defendido por Jesus em Mateus 19:4-8, sempre foi o ideal Divino, e que
"no tempo do fim, toda instituição divina deve ser restaurada."
- Profetas e Reis, pág. 678.
Esta compreensão sobre casamento
inundou a vida Ellen White quase no fim de seu ministério.
Se alguns se firmam baseados no “vi
que” para apoiar hoje o divórcio e o novo casamento, semelhantemente
deveriam hoje ainda se alimentar de carne de porco e não condenar também os que
assim fazem. Ellen White escreveu:
“Vi que suas ideias
sobre a carne de porco não seria prejudicais se vocês as retivessem para sim
mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito dessa questão uma
prova...” – Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 206, 207.
“Ao passo que diríamos aos que estão
dispostos a importunar os que cultivam lúpulo e fumo e criam porcos entre
nosso povo que eles não têm o direito de fazer destas coisas, em
qualquer sentido, uma prova de comunhão cristã,...”. - Mensagens Escolhidas, vol. pág. 338.
Se o “vi que” deve ser
hoje uma base para a igreja permitir novo casamento, o mesmo “vi que” deveria
levar a igreja também a não fazer da carne de porco uma prova de comunhão. No
entanto, mesmo a igreja Adventista acredita que algumas revelações de Deus a
Ellen White, dadas a ela no início de seu ministério, não devem servir como
base, para as decisões da igreja no tempo atual quando a vontade de Deus foi de
forma mais claramente expressa (Conselhos sobre Regime Alimentar, págs. 405, 412, 413).
Hoje, a igreja mencionada, faz da carne de porco uma prova de comunhão baseados não apenas nos escritos posteriores de Ellen White sobre o assunto, mas também no que a Bíblia fala sobre este ponto (Levítico 11:6-8; Isaias 65:3; 66:17). No caso do divórcio, a igreja deveria utilizar o mesmo critério, o qual nós adotamos!
Hoje, a igreja mencionada, faz da carne de porco uma prova de comunhão baseados não apenas nos escritos posteriores de Ellen White sobre o assunto, mas também no que a Bíblia fala sobre este ponto (Levítico 11:6-8; Isaias 65:3; 66:17). No caso do divórcio, a igreja deveria utilizar o mesmo critério, o qual nós adotamos!
Em nossos dias, seria tão errado buscar apoiar o
divórcio com base nos escritos de Moisés como fizeram os fariseus nos dias de
Jesus, como também nos dias atuais procurar apoiar o divórcio com base em
algumas palavras de Ellen White!
Aos que citam pequenos textos das
cartas de Ellen White para dar apoio equivocado ao divórcio, repetimos as
palavra de Jesus: “Mas no princípio não foi assim.” Mateus 19:8. Sem
contar que quase no fim do ministério de Ellen White, no que se refere a ela,
também não foi!
O caso de J ou Walter C.
No livro Mensagens Escolhidas volume 2,
na página 340 se pode ler sobre o caso de J. Esta mesma carta pode ser
encontrada também no livro Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e
Divórcio, publicado pela casa Publicadora Brasileira. Neste livro, você
encontra esta mesma carta em sua forma completa. Neste livro, a carta menciona
Walter C. Já no livro mensagens escolhidas, este mesmo jovem aparece com apenas
uma letra para identifica-lo: “J”.
Citaremos apenas as partes mais
interessantes da carta. Uma parte, a que é mais citada pelos defensores daquilo
que Deus odeio, o divórcio, lemos:
“J não se separou de sua esposa. Ela o
deixou e separou-se dele, e casou com outro homem. Não vejo nada na Escritura
que o proíba de tornar a casar-se no Senhor. Ele tem direito à afeição de uma
mulher.” - Mensagens Escolhidas vol. 2,
pág. 340.
Alguns pontos devem ser esclarecidos
aqui nesta carta. Vejamos:
1º -
Esta, assim como a primeira carta que analisamos, é também uma carta de
aconselhamento pessoal, e não reflete a soberana vontade de Deus ou algum ponto
de doutrina. É fácil ver isto de forma bem prática e clara. Vejamos, Ellen
White escreveu:
“...pode ser que
esse casamento esteja no desígnio de Deus...” -
Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 339; Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 67.
Perguntamos: Com Deus existe “pode
ser”????? É muito fácil ver que esta carta se trata de um
conselho totalmente pessoal, e não de alguma revelação Divina a Ellen White ou
alguma inspiração, ao dar ela tal conselho.
Ellen White deixou claro tratar-se
de um parecer unicamente pessoal. Na carta, ela fez questão de escrever:
“Como pediste MEU conselho,
dou-o francamente.” - Mensagens Escolhidas vol. 2,
pág. 340. Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 72.
Não é, portanto o parecer de Deus, mas
o parecer de Ellen White apenas como uma humana passível de erro como qualquer
profeta ou profetiza, ao dar sua própria opinião. Veja exemplo em II
Samuel 7:1-13 quando o profeta Natã aconselhou Davi que edificasse o templo,
quando, na verdade, Deus tinha outros planos. Mas o profeta deu apenas sua
opinião no caso.
A irmã White ainda escreveu:
“Este é o MEU ponto
de vista.” - Testemunhos sobre Conduta
Sexual Adultério e Divórcio, pág. 69.
2º -
Se o caso de muitos que usam esta carta para se casarem novamente for o mesmo
caso de Walter “C” então não vemos tanto problema assim. Mas qual era o
problema de Walter? Vejamos:
“Ele (Walter C ou J) tem direito à
afeição de uma mulher que, sabedora de seu defeito físico,
decide devotar-lhe seu amor. Chegou o tempo em que ser estéril não é pior coisa
que pode ocorrer.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 68.
Bem, esterilidade não é defeito físico,
mas um defeito fisiológico! Ellen White, estava então não falando meramente de
um problema de esterilidade, mas de um defeito físico. Qual era ele? Lemos:
“Quando ainda bastante jovem, Walter C levou
a cabo o que lhe pareceu uma sugestão, em Mateus 19:12, tornando-se
eunuco. Segundo Walter, Laura casou com ele conhecendo plenamente sua
condição. Contudo, ela inesperadamente se divorciou dele e desposou outro
homem. Depois disso, Walter tornou a casar. As cartas transcritas nesta seção
revelam o sincero esforço de Ellen White no sentido de proteger a santidade do
compromisso matrimonial mesmo em face de circunstâncias extremamente
difíceis.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 54.
Eis o defeito físico de Walter C., ele
fez algo como uma cirurgia tornando-se literalmente eunuco. Por isso disse que,
se o caso das pessoas que utilizam esta carta escrita a Walter, para contrair
novo casamento, tiver o mesmo problema dele, não vemos tanta dificuldade. ...
Nestas circunstâncias, qual era o
relacionamento de Walter C. com sua segunda esposa? Eis a resposta:
“Poderá acompanhar o marido em suas
viagens e ser-lhe de ajuda; quando permanecer no lar, poderá servir
ao senhor como se não fosse casada. Este é o meu ponto de
vista.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual
Adultério e Divórcio, pág. 69.
Portanto, o caso de Walter não tem
nenhuma semelhança com os casos existentes hoje nas igrejas que professam fé na
mensagem do terceiro anjo, então, querer aplicar o caso de Walter às
circunstâncias de hoje no que se refere ao casamento, desvirtua a beleza da
verdade como ela é em Jesus! E, não devemos nos esquecer das primeiras
considerações que fizemos neste artigo no texto do livro Lar Adventista.
Sempre que nos depararmos com certos
textos que parecem contradizer a verdade, devemos sempre avaliar o tempo, as
circunstâncias, o lugar em que estes textos foram escritos. Isto nos ajuda a
harmonizar a mensagem e vemos perfeita simetria, beleza e harmonia na mensagem
que pregamos.
“Quanto aos testemunhos, coisa
alguma é ignorada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o lugar,
porém, têm que ser considerados”. - Mensagens Escolhidas vol. 1, pág.
57.
As outras passagens que são utilizadas
com o objetivo de dizer que o adultério dá motivos suficientes para dissolver
uma união matrimonial (Lar Adventista pág. 344 e 345; Testemunhos sobre
Conduta Sexual Adultério e Divórcio, págs. 78,79; 158,159; 250), mostram apenas
que tal pecado pode separar um casal. Estes textos não mencionam jamais um novo
casamento e, segundo Lucas 16:18, mesmo à parte inocente nestas condições é
vedado um novo matrimônio.
A igreja tem sobre si a missão de
restaurar os lugares antigamente assolados e restaurar os fundamentos de geração
em geração (Isaias 58:12). O casamento precisa ser restaurado como Deus o
criou. Foi feita pelo inimigo, através do divórcio, uma brecha na família. O
divórcio é invenção diabólica, coisa que Deus odeia. À Sua igreja, Deus deu a
sublime e solene missão de, assim como João Batista, proteger a família através
da restauração dos princípios edênicos do casamento. Que Jesus, aquele que deu
a própria vida em prol da família humana, una os lares, coração de pai ligado
ao da mãe e os destes aos dos filhos.
Existem muitos lares sendo destruídos.
O diabo deseja ver pais separados e lares infelizes e desfeitos. Os pais se
tornam egoístas ao sentirem-se livres para unir suas vidas a uma nova pessoa,
sem que se comovam do trauma que causarão na mente de seus filhos por toda a
vida e a ruína que estão causando na família.
Apelo aos casais do mundo todo para que
se apeguem a Jesus. Orem para que Jesus aumente ou até mesmo implante novamente
o amor em vosso coração e em vosso lar.
“Você poderá dizer que não ama o
esposo. Deve isto ser razão para tentar não amá-lo? Porventura é a presente
vida tão longa e de tanto valor que decidirá seguir o próprio caminho e
apartar-se da lei de Deus?” - Testemunhos sobre Conduta
Sexual Adultério e Divórcio, pág. 55.
“Portanto, o que Deus ajuntou, não o
separe o homem.” Mateus 19:5.
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