Temos visualizado
alguns artigos na internet sobre a política e a participação do cristão na
mesma. Principalmente no período das eleições este assunto sempre aflora em
muitas mentes, e com ele, algumas interrogações:
Qual deve ser a atitude
de um adventista diante da política? Podemos defender planos políticos? Podemos
nos candidatar? Podemos votar?
politica.htm e http://prgilsonmedeiros.blogspot.com.br/2008/07/votar-ou-no-votar-eis-questo.html você
verá duas supostas respostas a estas perguntas pelos pastores Alberto R. Tim e Gilson
Medeiros. Porém, parece que os pastores mencionados, apesar de desejarem
transmitir uma ideia aparentemente equilibrada para muitos adventistas, ao dar
palidamente a impressão de mostrar que a inspiração separa o cristão da
política, no mesmo instante, eles o colocam nela. Além de terem deixado de
citar textos claros sobre este ponto, ainda apoiam não somente o cristão votar,
mas até mesmo a se candidatar, ao escreverem:
“Os
membros da Igreja adventista do Sétimo Dia devem
reconhecer ser seu dever individual escolher conscientemente em quem
votar.” Pr. Alberto R. Tim. Ênfase acrescida.
Como se isto não
bastasse, ou seja, votar, ainda dizem em caráter oficial:
“Os
membros da igreja são livres para candidatarem
e/ou votarem em candidatos.”
Pr. Gilson Medeiros. Ênfase acrescida.
“É
certo que os membros da igreja têm o
direito, como cidadãos, de se candidatarem
e concorrerem a cargos elegíveis.” Pr. Alberto R.
Tim. Ênfase acrescida.
“Entre
os direitos do cristão adventista
o exercício de sua cidadania, está o de ocupar
cargos políticos.” Pr. Alberto R. Tim. Ênfase
acrescida.
E não se assuste, mas,
segundo o pastor Alberto R. Tim este direito pode ser exercido mesmo à custa da
transgressão do sábado. Ele escreveu:
“Embora
a Igreja Adventista do Sétimo Dia não
discipline os membros que, por iniciativa pessoal, votem durante as horas do sábado, a recomendação é que isso
seja evitado.” Ênfase acrescida.
Isto parece muito com
os sermões católicos sobre bebida alcoólica que eu ouvia na igreja. Depois de o
padre dizer que o álcool devia ser evitado, depois da missa, nas festas, todos
saiam para o salão paroquial jogar e tomar cerveja. Oras, se deve ser evitado é
porque tal ato não convém!! Mas se a igreja adventista fosse disciplinar ou
excluir todos os que já votaram durante o sábado, muitas igrejas com certeza
ficariam quase vazias! Por isso, melhor dar liberdade para que cada pessoa transgrida
a lei de Deus por sua iniciativa pessoal e a igreja deve simplesmente dizer
amém. Neste caso, funciona a liberdade de consciência. O pastor Tim faria bem
em meditar na seguinte passagem:
“Fossem
os homens livres para se apartar das reivindicações do Senhor e estabelecer
uma norma de dever para si mesmos, (O pastor Tim usa a
expressão: “por iniciativa pessoal”) e
haveria uma variedade de normas para se adaptarem aos vários espíritos, e o
governo seria tirado das mãos de Deus”. Ellen G. White, Maior
Discurso de Cristo pg. 51.
Bem, Entendemos a
posição dos pastores citados sobre a questão da política na igreja, eles devem
ter motivos para dizerem tais coisas. Uma delas talvez é que, sempre que a IASD
precisar de apoio político ela o encontrará, já que ela tem membros infiltrados
em várias áreas do poder político. Outro motivo é que, assim eles se
expressando, não reprova os muitos políticos influentes que existem na igreja
adventista. Sem dúvida, é um laço “bonito” de amizade criado entre a igreja e a
política mundana!
Muitas pessoas de
influencia nas igrejas com cargos de responsabilidade, que se sentem incitados
a apoiar planos políticos ou certos políticos “cristãos”, fariam bem se
atentassem para o seguinte texto:
“Os
mestres, na igreja ou na escola, que se distinguem por seu zelo na política,
devem ser destituídos sem demora de seu trabalho e suas responsabilidades; pois
o Senhor não cooperará com eles. O dízimo não deve ser empregado para pagar
ninguém para discursar sobre questões políticas. Todo mestre, pastor ou
dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas
opiniões sobre questões políticas, deve-se
converter pela crença na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência
deve ser a de um coobreiro de Deus no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais.
Se ele não muda, há de ser nocivo, apenas
nocivo.” Ellen G. White, Obreiros Evangélicos
pg. 393.
Por não seguirem estes
e outros conselhos semelhantes, vemos, mesmo entre professos crentes no advento,
cumprir-se a seguinte profecia:
“O
príncipe das potestades do ar, apresentará planos e ideias mundanos e estranhos
sentimentos e princípios diretamente opostos à lei de Deus. Aqui devemos
reservar toda a nossa influência para levantar bem alto a verdade. Sentimentos
trazidos para a frente por políticos,
serão repetidos por alguns que se dizem
observadores do sábado. Que anjos os assistem no púlpito ao se levantarem
para dar ao rebanho veneno em vez de trigo puro, bem joeirado? Eis a atuação de
agentes satânicos para trazerem confusão, para fascinar o espírito tanto de
adultos como de jovens. Os que têm andado humildemente diante de Deus, não se
absorverão em advogar tanto um como o outro lado desta questão.”
Ellen White, Testemunhos para Ministros pg. 334.
Este texto é
interessante porque menciona não somente políticos trazendo suas ideias e
opiniões para a igreja, mas que estes conceitos políticos serão repetidos por
alguns que se dizem observadores do sábado.
O pastor Alberto Tim, ao
mesmo tempo em que defende a participação de membros da igreja na política,
parece querer mostrar que existem certas regras e regulamentos nesta questão,
ao dizer:
“Candidatos adventistas que usam eventualmente o púlpito
devem pregar o evangelho, sem jamais falar sobre política.”
No entanto, o fato simples
da igreja saber que o pregador é um candidato político, torna seu sermão, por mais
cristocêntrico que possa ser, uma boa palestra política. Como veremos, não pode
existir terreno neutro nesta questão.
Mas vamos verificar de
forma mais clara sobre o que diz a inspiração sobre este ponto. Tanto o pastor Alberto
R. Tim quando Gilson Medeiros, poderiam citar mais textos sobre a questão.
Albeto Tim se limitou apenas em dar a fonte de ótimas declarações do Espírito
de Profecia. Escreveu:
“No capítulo "Nossa Atitude Quanto à Política” do livro
Obreiros Evangélicos, págs. 391-396 (ver também Fundamentos da Educação
Cristã, págs. 475-484), podem ser encontradas importantes orientações sobre o
não envolvimento de obreiros denominacionais em questões políticas. Já o presente
artigo menciona alguns conceitos básicos sobre a posição dos adventistas como
cidadãos, candidatos e eleitores políticos.”
Sem dúvida ele se esquece
que a maioria dos membros adventistas não conhecem, não leem e nem têm os
escritos de Ellen White em casa. Alguns nem acreditam nestes escritos como
fonte inspirada. Por isso, já que ele se propôs a expor o assunto “Os Adventistas e a Política”, não
deveria ter deixado de citar textos tão importantes. Mas, ao contrário disso, o
artigo aborda “alguns conceitos básicos sobre a posição dos adventistas como
cidadãos, candidatos e eleitores políticos,” dando liberdade a que seus membros votem até mesmo em dia santo,
no sábado, e apoiando candidatos adventistas, como fez também o pastor Gilson
Medeiros ao escrever:
“Se tiver de escolher entre um não-Adventista e um adventista, escolha o Adventista.” Ênfase do autor.
Apesar do
pastor Gilson se equivocar em várias de suas colocações, ele foi mais feliz em
seu artigo do que o pastor Tim, pois que o primeiro pelo menos citou alguns
textos claros da inspiração sobre a questão. No entanto,
existem outros textos mais conclusivos sobre este assunto que não poderiam ter
faltado nestes artigos se eles desejassem mesmo transmitir ao povo a vontade
clara de Deus nesta questão da política.
Este trabalho tem por
finalidade mencionar o que faltou e somar mais informações neste tema. Afinal,
um adventista ou um cristão, pode se envolver na política de alguma forma se
candidatando ou mesmo que seja apenas votando? Sobre votar em dia de sábado,
vou dispensar meu comentários, por que creio que todo adventista sincero que
entender que a política não é própria para um cristão, não irá nem questionar
votar em dia santo e sagrado! Então vamos lá:
“Talvez se pergunte: Não devemos ter ligação alguma com o mundo? A Palavra do Senhor tem de ser nosso
guia. Qualquer ligação com os
infiéis e incrédulos, que nos
viesse identificar com eles, é proibida
pela Palavra. Temos de sair do meio deles, e ser separados. Em caso algum devemos unir-nos a
eles em seus planos de trabalho.” Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã
pg. 482.
Esta passagem deveria
ser suficiente para mostrar a verdade. Este texto mostra que é impossível um
cristão ser candidato, pois que é obrigatório pertencer a algum partido
político, ligando–se assim com os incrédulos, identificando-se com eles.
Seja qual for o período
eleitoral pelo qual passamos, se a eleição é para eleger candidatos ao governo
do país ou de municípios, através de votos, a população de um país escolhe seus
dirigentes e governantes. Isto, no entanto, nunca esteve no plano de Deus para
com Seu povo. A Bíblia deixa claro que o plano de Deus para com Seu povo era
que este reconhecesse apenas um governo, o Teocrático. Ou seja, o povo de Deus
reconhece apenas a Deus como seu Rei e Governador.
Quando o povo de Israel
começou a olhar para as nações pagãs as quais possuíam cada uma delas um rei,
começou a nutrir este mesmo desejo:
“E
disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus
caminhos; constitui-nos, pois, agora um
rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” I Samuel 8:5.
Percebe-se facilmente
que até então o povo de Deus era governado de uma forma diferente de outras
nações. O resultado desse pedido se nota no versículo seguinte:
“Porém
esta palavra pareceu mal aos olhos de
Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou
ao Senhor.” I Samuel 8:6.
Lendo estes textos, não
compreendemos como pode um cristão votar por alguém que o dominará, muito menos
não compreendemos como uma pessoa com toda a luz que brilhou sobre nós nestes
últimos dias, pode ele mesmo se envolver em algo que nunca esteve no coração de
Deus.
Hoje as pessoas
reclamam da administração de nosso país, por exemplo. Mas nada do que ocorre
hoje, já de antemão não havia sido avisado por Deus (I Samuel 8:9-18). No
entanto o povo insistiu:
“Porém
o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um
rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos
julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras.”
I Samuel 8:19-20.
Diante do pedido e
insistência do povo, Deus disse:
“E
disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não
te têm rejeitado a ti, antes a mim me
têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.”
I Samuel 8:7.
Olhamos estes textos e
muitos parecem não perceber que ao votarem em algum candidato eles repetem o
mesmo erro do povo de Israel em pedir um rei! A Bíblia reforça esta ideia ao mencionar
novamente:
“Mas
vós tendes rejeitado hoje a vosso Deus,
que vos livrou de todos os vossos males e trabalhos, e lhe tendes falado: Põe um rei sobre nós. Agora, pois,
ponde-vos perante o Senhor, pelas vossas tribos e segundo os vossos milhares.” I Samuel 10:19.
Quantos cristãos chegam
até mesmo a entrar em discussão sobre quem será o melhor candidato para
governar o país? Quantos que se dizem cristãos escolhem para eles um rei ou
presidente ao votar?
Deus desejava que Seu
povo entendesse plenamente esta questão, e por isso lemos:
“E
vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, me dissestes:
Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o Senhor vosso Deus, o vosso
rei. Não é hoje a sega do trigo? Clamarei, pois, ao Senhor, e dará trovões e
chuva; e sabereis e vereis que é grande
a vossa maldade, que tendes feito perante o Senhor, pedindo para vós um rei. Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor
deu trovões e chuva naquele dia; por isso todo o povo temeu sobremaneira ao
Senhor e a Samuel. E todo o povo disse a Samuel: Roga pelos teus servos ao
Senhor teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de
pedirmos para nós um rei. Então disse Samuel ao povo: Não temais; vós
tendes cometido todo este mal; porém
não vos desvieis de seguir ao Senhor, mas servi ao Senhor com todo o vosso
coração.” I Samuel 12:12, 17-20.
Devemos estar atentos à
inspiração e notar que a mesma é clara em nos dizer que não devemos cometer a
mesma maldade ou o mesmo pecado do povo de Israel em escolher para nós nossos
governantes.
“Não devemos transigir com os princípios,
para ceder às opiniões e preconceitos que talvez animássemos antes de nos unir
com o povo observador dos mandamentos de Deus. Temo-nos alistado no
exército do Senhor, e não nos cabe combater
do lado do inimigo, mas do lado de Cristo, onde podemos ser um todo unido,
em sentimento, ação, espírito e comunhão. Os que são genuinamente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e
darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos,
mas os de Cristo.” Ellen G. White, Obreiros Evangélicos
pg. 393.
No caso da alimentação,
ao permitir Deus que o povo de Israel, ao chegar em Canaã, comesse carne, Deus diminuiu
os efeitos deste mal ao dizer quais os animais que o povo poderia comer e não comer, e as
partes que não deviam usar.(Lv 11: 7: 22-27). Estes regulamentos ajudaram a
minorar o mal, mas não resolviam totalmente o problema. Semelhantemente, a
questão de o povo ter um rei, não era o correto, consistia um grave pecado.
Deus, no entanto, procurou diminuir este mal não permitindo que o povo mesmo
escolhesse o rei, mas que Deus o indicasse, como o fez no caso de Saul, Davi e
Salomão. Este sistema teocrático representativo foi eliminado quando os
costumes pagãos em que o filho herdava o trono do pai suplantaram de uma vez
por todas o sistema teocrático. O resultado disso foi que reis corruptos subiram
ao trono de Israel e Judá, unicamente por serem descendentes ou filho de um rei
como mostra claramente os livros de Reis e Crônicas.
Por não representarem a
vontade de Deus, estes reis acabaram muitas vezes sendo dirigidos por reis
pagãos (Neemias 9:37) como no caso de Zedequias, que reinou debaixo do jugo
Babilônico (Jeremias 52:2-3), ou no caso do rei Herodes que reinava sobre os judeus,
mas tinha que prestar contas ao poder romano (Mateus 2:1; Lucas 3:1).
Ficou claro através do
tempo e da história que os governos humanos não resolviam os problemas da
humanidade, ao contrário, mergulhava mais e mais na miséria e desilusão. As
profecias, portanto, apontavam apenas a um tempo em que haveria um reino justo
e cheio de equidade. Tudo o que fosse diferente desse reino não precisam os
cristãos olhar com esperança, pois já havia sido provado que os planos dos
seres humanos nunca os levou à felicidade real. Deus sabia dessa triste
experiência já de antemão. Por isso a inspiração dizia:
“O
cetro não se arredará de Judá, nem o
legislador dentre seus pés, até que
venha Siló; e a ele se congregarão os povos.” Gênesis
49:10.
“Meu
é Gileade, e meu é Manassés; Efraim é a força da minha cabeça; Judá é o meu legislador.”
Salmos 60:7; 108, 8;
Cetro é símbolo de
governo e este sempre estaria nas mãos de Cristo. Apesar de que seres humanos é
que governam o mundo, os cristãos sabem que em verdade Deus é seu Rei e é Ele
que está no comando de tudo.
“...
até que conheças que o Altíssimo tem domínio
sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.”
Daniel 4:25.
“
.... até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele.”
Daniel 5:21.
Por isso, não é
necessário que nós nos envolvamos na política deste mundo, no qual governam
reinos que são simbolizados por animais ferozes e carnívoros que precisam
devorar para poderem sobreviver (Dan. 7). É Deus, o governador de todo o
Universo, quem decide quem irá governar ou reinar, e não os homens, muito menos
o povo de Deus, através de votos! Daniel 4:17,26; Salmo 59:13; 66:7;145:13;
Provérbios 8:15; Salmos 22:28; Jeremias 27:5,6; Salmo 103:19; I Crônicas 29:11;
Daniel 2:20-22,37-38; Esdras 1:2.
Existem outros fatores
importantíssimos envolvidos neste assunto. Recordemo-nos do que Jesus disse:
“Respondeu
Jesus: O meu reino não é deste mundo;
se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não
fosse entregue aos judeus; mas agora o
meu reino não é daqui.” João 18:36.
Perceba que o reino de
Cristo não é deste mundo. Se fosse, os seus servos, os cristãos, pelejariam e batalhariam
por um reino terreno melhor. Mas o reino dEle não é daqui.
“Mas
Ele disse: "O Meu reino não é deste mundo." João 18:36. Não quis
aceitar o trono terrestre. O governo sob que Jesus viveu era corrupto e
opressivo; clamavam de todo lado os abusos - extorsões, intolerância e abusiva
crueldade. Não obstante, o Salvador não
tentou nenhuma reforma civil. Não atacou nenhum abuso nacional, nem
condenou os inimigos da nação. Não
interferiu com a autoridade nem com a administração dos que se achavam no poder.
Aquele que foi o nosso exemplo,
conservou-Se afastado dos governos
terrestres. Não porque fosse indiferente às misérias do homem, mas porque o
remédio não residia em medidas meramente humanas e externas. Para ser
eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o
coração.” Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações pg. 509.
“Por
mais de uma vez Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e jurídicas; mas recusava-Se a interferir em assuntos temporais.”
Ellen G. White, Obreiros Evangélicos pg. 396.
Muitos aspectos
precisam ser considerados nestes textos. Semelhante ao governo em que Jesus
viveu, corrupto, vivemos hoje também. Creio que nos dias de Jesus a situação
era pior. No entanto, perceba que Aquele que foi nosso Exemplo, conservou-se
afastado dos governos terrestres. Não atacou, não apoiou, não se envolveu com
os governos deste mundo. Se temos a Jesus como nosso exemplo, se sabemos o que
isto significa, tenho certeza que também nos conservaremos afastados da
política. Jesus sabia que o remédio para a humanidade não estava ou não está em
medidas meramente humanas, não se encontra em promessas políticas nem em planos
de governos, Ele sabia que “Para ser
eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o
coração.” Para realizar esta obra, ele não deixou a política, mas instituiu
Sua igreja, uma igreja teocrática com o fim de anunciar seu reino e Seu governo
eterno de paz e justiça. Para realizarmos esta obra, não precisamos fazer parte
do governo secular nem dele tomarmos parte, pois sabemos que o remédio para a
humanidade não está nestas medidas.
Jesus deixou claro que
seu reino não é desta Terra. Ele disse diversas vezes tratar-se do reino dos
céus. Mateus 13:24, etc. Paulo confirma
isto da seguinte maneira:
“E
o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja
glória para todo o sempre. Amém.” II Timóteo 4:18.
Nós, os cristãos, que
constituímos o povo de Deus, somos súditos do reino celestial, por isso, neste
mundo, somos estrangeiros e peregrinos.
“Todos
estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e
crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.”
Hebreus 11:13.
Nossa pátria está no
Céu (Hb 11:14-16).
Sendo que somente
cidadãos do país podem fazer uso do direito de votar, nós, na qualidade de
estrangeiros e peregrinos, não temos o direito de voto, muito menos de
participar em planos políticos.
“Quanto ao mundo, dirão os
cristãos: Não nos
intrometeremos na política. Dirão
decididamente: Somos peregrinos e estrangeiros; a nossa cidadania é de cima.
Não serão vistos escolhendo companhia para o divertimento. Dirão: Deixamos de
ser apaixonados por coisas infantis. Somos
estrangeiros e peregrinos e olhamos para uma cidade que tem fundamento e
cujo construtor e autor é Deus.” Ellen G. White, Testemunhos para Ministros
pg. 131.
Segundo os pastores
Alberto Tim e Gilson Medeiros, no entanto, os cristãos tem dupla cidadania.
“...
temos dupla cidadania: uma celestial
e outra terrena.” Gilson Medeiros. Ênfase acrescida
Neste ponto Alberto R. Tim
foi mais feliz em sua colocação. Ele parece explicar a funcionalidade de
estarmos neste mundo. Apesar de teologicamente também se equivocar em dizer que
temos dupla cidadania, pois a Bíblia rejeita esta ideia ao dizer: “Estão no mundo, mas não são do mundo” (João 17:16), Tim escreveu:
“Um terceiro princípio fundamental é que cada cristão adventista
possui uma dupla cidadania ele é,
acima de tudo, cidadão do reino de Deus e, em segundo plano, cidadão do país em
que nasceu ou do qual obteve a cidadania. Conseqüentemente, deve exercer sua cidadania terrestre com
base nos princípios cristãos de respeito ao próximo....” Alberto R. Tim. Grifo acrescido.
Neste caso, apoiamos esta
explicação. Porém, ficou claramente no artigo a ideia para o apoio político a
crentes adventistas, como expressada também por Gilson Medeiros.
Entendemos o que querem
dizer quando dizem que temos dupla cidadania. No entanto, nossa “cidadania” do
país no qual vivemos, serve apenas para uma questão de ordem legal diante do
governo neste mundo e não deve, segundo o Espírito de Profecia, ser exercida na
questão política:
“Rogo
aos meus irmãos designados para educar, que mudem sua maneira de agir. É um engano de vossa parte o ligar vossos
interesses com qualquer partido político, dar o vosso voto com eles ou por
eles. Os que ocupam o lugar de educadores, de pastores, de colaboradores de
Deus em qualquer sentido, não têm
batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus.”
Ellen G. White, Obreiros Evangélicos pg. 393.
No plano de Deus,
possuímos uma única cidadania, a celestial. Não podemos ficar divididos nesta
questão. Se os fieis possuíssem dupla cidadania, uma do Céu outra neste mundo,
como poderiam confessar que eram peregrinos estrangeiros na Terra?
“Também
a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos
comigo.” Levítico 25:23.
Nunca consegui imaginar
Jesus dizendo: “Eu tenho dupla cidadania,
Meu reino é do Céu e deste mundo, vou me envolver na política, e vou votar também
durante as horas do sábado.”
Isto pode parecer
absurdo? Ser cristão é viver diferente de Jesus?
O Espírito de Profecia
esclarece mais esta questão nas seguintes palavras:
“Deus
prometeu a Abraão e a sua semente depois dele que teriam posses e terras, mas ainda assim seriam apenas estrangeiros e peregrinos. A herança e as terras destinadas não
só a Abraão mas aos seus filhos não lhes serão dadas antes que a Terra seja
purificada. Abraão receberá então o direito de posse de sua terra, suas
possessões; e os filhos de Abraão receberão o direito de propriedade de suas
posses. Cada um de nós deve sempre
ter em mente que esta Terra não é nossa habitação, mas que teremos uma
herança na Terra renovada. A destruição de Sodoma e Gomorra simboliza para nós
como este mundo será destruído pelo fogo. Não é seguro, para nenhum de nós,
colocar nossas esperanças nesta vida. Desejamos em primeiro lugar buscar o
reino de Deus e Sua justiça.” MM 02: 79.
Isto por si só já
deveria ser o suficiente para que todo bom cristão entendesse que não deveria
mesclar o puro com o impuro!
“Não
devemos, como um povo, envolver-nos em questões
políticas. Todos fariam bem em dar ouvidos à Palavra de Deus: Não vos prendais a um jugo desigual com os
incrédulos em luta política, nem vos vinculeis a eles em suas ligações.
Não há terreno seguro em que possam estar e trabalhar juntos. O fiel e o infiel não têm terreno neutro
em que possam encontrar-se.”
Mas na ideologia de
alguns, contradizendo frontalmente a inspiração, existe sim um terreno neutro
no qual o cristão pode se envolver na política, como de pode ver claramente nos
artigos escritos pelos pastores Alberto R. Tim e Gilson Medeiros. Ficaremos com
a inspiração?
O que Deus então requer
de seu povo na questão da política? Ellen White foi clara:
“O
Senhor quer que Seu povo enterre as
questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência.”
OE 391.
A inspiração faz um
advertência a qual todo adventista sincero deveria atentar. Aqueles que sabem
que em breve serão legisladas leis para controlar a consciência deveriam manter-se
afastados da política. Mas ao contrário disso, vemos alguns incentivando votar
em políticos cristãos, como se pudesse existir harmonia entre cristianismo e a
política desde mundo poluído pelo pecado!
“Que
devemos então fazer? - Deixai os
assuntos políticos em paz. "Não vos prendais a um jugo desigual com os
infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem
a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem
o fiel com o infiel?" II Cor. 6:14 e 15. Que pode haver de comum entre
esses partidos? Não pode haver sociedade, nem comunhão. A palavra
"sociedade" importa em participação, parceria. Deus emprega as mais
vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos mundanos
e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo. Que comunhão pode haver entre
a luz e as trevas, a verdade e a injustiça? - Nenhuma, absolutamente. A luz
representa a justiça; as trevas, a injustiça. Os cristãos saíram das trevas
para a luz. Eles se revestiram de Cristo, e usam a divisa da verdade e
obediência. São regidos pelos princípios
elevados e santos que Cristo exemplificou em Sua vida.”
OE393.
Vamos entender resumidamente
o que a inspiração quer nos dizer:
A – A política é uma
questão exercida por infiéis – O cristão é fiel.
B – Na política existe
injustiça – Nós pertencemos à sociedade da justiça e da verdade.
C – A política é trevas
– O cristão é luz.
D – A política é de
Belial – Nós somos de Cristo.
E – Nada deve haver de
comum entre cristãos e política, nem alguma sociedade. E “a palavra ‘sociedade’ importa em participação, parceria.” É
impossível se candidatar sem que ocorra sociedade ou parceria com partidos ou
planos políticos.
Analise com oração e
muito cuidado também o seguinte texto:
“Não
podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar
parte em nenhum plano político. Não
podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para
reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar
ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia
da semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado falso, e os membros
da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam
a lei de Deus, pisando Seu sábado. O
povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais;
pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto
investidos desses cargos.” OE 392.
Alberto Tim aplica este
texto de Ellen White a políticos corruptos não a um político adventista
“cristão”. Tim dá a entender que podemos conhecer as pessoas nas quais votamos,
se forem pessoas “cristãs”. Ignora, porém, que o Senhor “não vê como vê o homem, pois o
homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (I
Samuel 16:7) E na política, pastor
Tim, o que conta não é a aparência, mas exatamente o que o homem não conhece, o
coração. E por isso “Não podemos, com
segurança, votar por partidos políticos; pois
não sabemos em quem votamos.”
Eu não quero ser
culpado por tantas corrupções, crimes, e até mesmo no futuro por leis que
perseguirão o povo de Deus e que implantarão leis dominicais para controlar a
consciência. Através de um voto poderemos estar tocando na menina do olho de
Deus. Já paramos para pensar o que isto significa?
Hoje é ventilado no
meio adventista assuntos sobre política, e existem, como se pode facilmente
perceber pelos artigos mencionados, políticos adventistas. Como já vimos, isto
não deveria ser assim e não era no passado. Sobre isto lemos:
“Os
homens da intemperança estiveram hoje no escritório, exprimindo de modo
lisonjeiro sua aprovação à atitude dos
observadores do sábado não votando, e exprimiram esperanças de que eles
fiquem firmes nessa atitude e, como os quáqueres, não dêem seu voto.”
II ME 337.
Esta era a posição da
Igreja no passado e esta é nossa posição hoje como igreja de Deus.
“Porque
o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o
nosso legislador; o Senhor é o nosso
rei, ele nos salvará.” Isaías 33:22.
“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
Isaías 9:6.
“Este
será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai.”
Lucas 1:32.
“E
reinará eternamente na casa de Jacó,
e o seu reino não terá fim.” Lucas 1:33.
“Alegra-te
muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo,
pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.”
Zacarias 9:9.
“O teu reino é um reino eterno; o teu
domínio dura em todas as gerações.” Salmos 145:13.
Gilson Medeiros parece
conhecer pelo menos parcialmente esta verdade, ao dizer:
“Temos
dupla cidadania e apenas a celestial vai
prevalecer depois que tudo acabar.”
No entanto, Gilson
Medeiros deve decidir de qual reino ele é cidadão. Coração dividido é perigoso.
“O seu coração está dividido, por isso serão
culpados; o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas.”
Oséias 10:2.
Nossa
relação com os governos
Antes que alguém saia
por aí dizendo que o Movimento de Reforma é contra as leis existentes para
proporcionar segurança e ordem, queremos dizer que, ao contrário disso, fazemos
todo o possível para que leis boas e justas sejam cumpridas e obedecidas. A
inspiração é clara:
“Jesus,
porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?
Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele
diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César.
Então ele lhes disse: Dai pois a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Mateus
22:18-20.
“Toda
a alma esteja sujeita às potestades
superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades
que há foram ordenadas por Deus. Por
isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as
más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor
dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme,
pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para
castigar o que faz o mal. Portanto é
necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta
razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a
isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a
quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.”
Romanos 13:1-7.
“Admoesta-os
a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra; Que a ninguém infamem, nem sejam
contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.”
Tito 3:1-3.
No entanto, estes
textos não nos dizerem que devemos para isto se envolver em política. O
Espírito de Profecia esclarece esta questão nas seguintes palavras:
“Os
homens mundanos são governados por princípios mundanos e não podem apreciar
quaisquer outros. A política mundana
e a opinião pública inclui o princípio de ação que os governa e que os leva a
praticar uma aparência de retidão. O povo de Deus, porém, não deve ser
governado por estes motivos. As palavras e ordens de Deus, escritas na
alma, são espírito e vida. Nelas há poder para subjugar e levar à obediência.
Os dez preceitos de Jeová são o fundamento de todas as leis justas e boas. Aqueles que amam os mandamentos de Deus
submeter-se-ão a toda boa lei na terra.” IT 361.
“Cumpre-nos reconhecer o governo humano como
uma instituição designada por Deus, e ensinar obediência ao mesmo como um
dever sagrado, dentro de sua legítima
esfera. Mas, quando suas exigências se chocam com as reivindicações de
Deus, temos que obedecer a Deus de preferência aos homens. A Palavra de Deus precisa ser reconhecida como estando acima de toda a
legislação humana. Um "Assim diz o Senhor", não deve ser posto à margem
por um "Assim diz a igreja", ou um "Assim diz o
Estado". A coroa de Cristo tem
de ser erguida acima dos diademas de autoridades terrestres. Não se nos exige
que desafiemos as autoridades. Nossas palavras, quer faladas quer escritas,
devem ser cuidadosamente consideradas, para que não sejamos tidos na conta de
proferir coisas que nos façam parecer contrários à lei e à ordem. Não devemos
dizer nem fazer coisa alguma que nos venha desnecessariamente impedir o
caminho. Temos de avançar em nome de Cristo, defendendo as verdades que nos
foram confiadas. Se somos proibidos pelos homens de fazer essa obra, podemos
então dizer como os apóstolos: ‘Julgai vós se é justo, diante de Deus,
ouvir-vos antes a vós do que a Deus? Porque não podemos deixar de falar do que
temos visto e ouvido.’ Atos 4:19 e 20.” Atos dos Apóstolos 69.
Os que se dizem crentes no breve aparecimento de Cristo
nas nuvens dos céus, que foram ensinados a orar “venha o Teu reino” representariam melhor esta crença se se
limitassem a dar a esta questão da política a resposta que a inspiração oferece
e não aquilo que convém para suas instituições e comodismos!
“Pensai nas coisas
que são de cima, e não nas que são da terra.” Colossenses 3:2.
Desejamos e precisar
enfatizar também que as citações à outras conclusões por partes de líderes
adventistas ou mesmo da igreja Adventista na questão do envolvimento na
política, são citadas apenas com o objetivo de fazer com que o leitor venha a avaliar
este assunto não de uma forma unilateral. Mas que, ao se deparar com outras
conclusões, a visão sobre este assunto seja geral e não focada em apenas uma
opinião. Porém, o mais seguro, é que toda opinião formada, deve ter base e
fundamento na Palavra inspirada. É nesta que nós, da Igreja Adventista do
Sétimo Dia – Movimento de Reforma, temos apoiado nossas doutrinas.
cristiano_souza7@yahoo.com.br
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