144.000, um número literal |
A mensagem do selamento dos 144.000 como é entendida hoje
pelo povo de Deus, o Movimento de Reforma, foi um ponto claro na igreja
Adventista durante seus primórdios. Para apoiar esta verdade histórica, aqui
citaremos a posição dos pioneiros adventistas. Desejamos, porém, ressaltar que nossa fé não está baseada na fé que os
pioneiros possuíam, mas esta doutrina tem como fundamento a Palavra inspirada. As conclusões, no
entanto, nesta questão do selamento, daqueles que trabalharam pela verdade no
início do adventismo, ajuda-nos a entender melhor esta preciosa verdade, baseada unicamente na inspiração.
Algumas declarações dos pioneiros neste artigo poderão, a
princípio, não ser bem compreendidas. Expressão como, “ressurreição especial”, e outras, de início, para aqueles que não
estão familiarizados com este assunto, podem apresentar alguma dificuldade para
se entender o que significam. No entanto, se ficarem dúvidas, você poderá nos
contatar por este blog ou pelo endereço eletrônico no final deste artigo.
Queremos também dizer que em postagens posteriores estaremos esclarecendo
algumas questões fundamentais sobre este assunto da obra do selamento. Não
deixe por isso, de visualizar sempre o blog!
Em nossos dias, entre os adventistas, esta mensagem do
selamento quase não é mais estudada nem mencionada. A IASD[1] receia
que seus membros estudem o assunto, um assunto que está na palavra de Deus, e,
fosse sem importância, o Deus onisciente que tudo sabe, não o teria colocado
lá! Para que nutrirmos então receio de o compreendermos? Analisando a história
da IASD vemos que esta era uma verdade crida e ensinada em um tempo em que a
IASD era uma igreja regida pelos parâmetros divinos. Os pioneiros, incluindo
Ellen White, acreditavam em uma obra de selamento em pleno andamento e marcha
naqueles dias. Mesmo entre aqueles que não se simpatizavam com a fé adventista,
era conhecido o conceito que a IASD tinha sobre o assunto. Um crítico da
doutrina adventista escreveu:
“Para
os pioneiros do movimento
adventista de 1844, os 144.000 seriam constituídos de todos os que morressem identificados com a mensagem do advento, bem
como dos que, nas mesmas condições, estivessem vivos por ocasião da volta de
Cristo”.[2]
Este autor citou este fato por quê? Ele o fez para criticar a
posição primitiva adventista que tinha uma crença totalmente diferente da
crença atual! No livro citado, ele fez um apanhado de quanto a IASD mudou nesta
questão, e citou a obra do selamento como sendo uma verdade crida nos dias dos
pioneiros e esquecida e ignorada em nossos dias. Pode-se pensar que pelo fato
do autor ser um crítico da doutrina adventista o mesmo não merece crédito, no
entanto, o que ele coloca é um fato baseado em uma doutrina histórica e por
isso a declaração deve ter seu peso. Além do mais, esta declaração não é um
fato isolado, mas encontra respaldo em outras declarações do próprio prelo
adventista, como veremos a seguir.
No livro “Grande Movimento Adventista”, lemos um importante
texto:
“...
conta-nos de uma ocasião que pode ser chamada a nossa primeira Semana de
Oração. Foi durante a guerra cível dos Estados Unidos, quando muitos de nossos
irmãos, cuja consciência não lhes permitia pegar em armas, se encontraram em
situação probante. Solicitou-se
diversas vezes pela Review and Herald, que nosso povo se unisse num dia
de jejum e oração. Por fim, os primeiros quatro dias do mês de março de
1865 foram designados como
dias de humilhação
e oração a Deus, de acordo com
Apocalipse 7:3, para que os ventos
fossem sopitados - a
guerra terminada – afim de que pudesse ir avante a mensagem
do assinalamento do
terceiro anjo”.[3]
Note que apocalipse 7 menciona 4 anjos segurando os ventos,
que neste caso, significam guerras (Jeremias 25:31-33). Na guerra de sucessão
americana os irmãos adventistas realizaram uma semana de oração para que esta
guerra terminasse, para que a obra do
selamento pudesse continuar. Isto mostra que naquele tempo a IASD
acreditava em uma obra que já estava ocorrendo e não em uma obra que irá ainda
acontecer no futuro, como se acredita hoje.
Abaixo citamos alguns pioneiros e o que criam sobre
apocalipse 7, para termos uma ideia qual era a doutrina adventista crida e
ensina no passado sobre esta questão:
J. Bates:
“Agora todos os
crentes adventistas que
possuem a mensagem
do advento conforme
são dadas em Ap. 14:6-13 e nela
tomam parte, amarão
e guardarão este
concerto com Deus, especialmente Seu Santo Sábado, neste
concerto; esta é uma
parte dos 144.000 a ser
selada agora”.[4]
S. N. Haskell:
“Após o desapontamento de 1844, o povo
de Deus
viu... a exigência
obrigatória do quarto mandamento, bem como dos outros nove
mandamentos do decálogo.
A
reforma do sábado começou naquele
tempo ; por volta
de 1844
começou a ser
reconhecida como o cumprimento de Apocalipse 7:1-4”.[5]
U. Smith:
“Os que morrem
depois de se ter identificado com
a mensagem do
terceiro anjo são evidentemente
contados como uma parte dos 144.000”. [6]
J. White:
“Os que morrem sob a mensagem do terceiro anjo são uma
parte dos 144.000;
não há 144.000 em acréscimo a estes, mas estes ajudam a formar aquele número. São
ressuscitados para a vida mortal pouco
antes, de Cristo vir, e...
são trasladados para
a imortalidade quando Cristo aparecer”. [7]
R. H. Johnson:
“Entre os que aclamam a vitória sobre a
besta e
sobre a sua
imagem estavam aqueles
que tinham saído das suas
sepulturas na ressurreição especial, e
foram vistos no mar de
vidro. Eles eram ‘os santos vivos em número de 144.000 ’”. [8]
L. R. Conradi:
“Do mesmo modo ressuscitarão também, entre os justos que dormem, alguns
daqueles que hão de completar o número de Israel segundo Apocalipse 7”.[9]
W. C. White acerca de E. G.
White:
“Vamos à pergunta: Ensinava a irmã White
que aqueles que morreram na mensagem
desde 1844 e de quem é dito:
‘Bem aventurado os mortos que desde agora morrem no
Senhor’, serão membro dos 144.000?”
“Posso assegura-te, irmão, que essa era a crença e o ensino de E. G. White.
Muitas vezes eu a ouvi fazer declarações com esse efeito e tenho em meu poder
uma carta ao irmão Hastings, que é mencionado à página de Life Sketches,
na qual
ela diz claramente
que a esposa dele, que havia falecido recentemente, seria membro
dos 144.000”.
“Numa carta recebida dum irmão em Reno,
Nevada, faz-se referência a uma declaração
do livro do pastor Loughborough encontrada na página 29, em que é
relatado que a
irmã White disse: ‘ Os que morreram na fé estarão entre os
144.000. È-me claro este assunto’”.
“E eu,
meu irmão, testifico
que isso está em
harmonia com os
seus escritos, suas explicações e seus ensinos através de
todos os anos de seu ministério”.[10]
Enciclopédia Adventista do
Sétimo Dia:
“O Sábado foi identificado com a mensagem
do assinalamento de Apocalipse 7, e em resultado o Sábado veio a ser visto como
o selo de Deus. ‘A posição de nosso povo
então’, disse Loughborough , ‘era que a obra
do assinalamento naquele tempo estava em prosseguimento, e que alguns dos 144.000 estavam sendo
selados’, Durante os poucos anos
seguintes, Ellen G. White,
repetidamente falou da obra do
assinalamento em prosseguimento naquele tempo. (PE 36-38, 44 etc).
“Como consequência da crença de que os
que aceitaram a
mensagem do terceiro
anjo e o Sábado estavam sendo assinalados, havia a crença de que alguém que
morreu não perderia desse modo a condição de membro dos 144.000, mas ressurgiria
numa ressurreição especial para juntar-se aos seus irmãos que
permaneceram vivos até a vinda do Senhor”.[11]
“Ellen G. White identificou o selo de Deus
com o Sábado em novembro de 1848 (José Bates, Seal of the Living God, 24-26), e
Bates escreveu seu livro sobre o assunto em 1849. Também em 1849 a Sra White escreveu que a
obra do assinalamento
estava então em
prosseguindo. (Present Truth, 1:21, Agosto de 1849)”.[12]
Esta crença original dos pioneiros adventistas endossada
pela profetiza Ellen White é a que mantemos atualmente no remanescente
Movimento de Reforma. Nos textos são citados alguns detalhes como certos
aspectos da ressurreição especial, se os mortos fazem parte ou não, etc.
Logicamente que, tendo em mente que a obra do selamento está em andamento desde
1844, todos aqueles que morreram selados serão também incluídos neste número.
Como já mencionamos, em outros artigos detalharemos mais estas questões. Por
enquanto, é importante que o leitor compreenda que a mensagem que o Movimento
de Reforma mantém com respeito ao selamento é a mesma mensagem que a IASD cria
enquanto nos seus primórdios enquanto permanecia na verdade.
Na revista adventista de 1973 foi feita uma declaração muito
significativa e clara sobre esta questão, mostrando que a “posição antiga” da IASD é exatamente a que defendemos hoje. Lemos:
“É a
chamada posição antiga,
baseada nos escritos de Loughborough e Urias Smith, segundo o qual o selamento começou em 1844, com santos
que aceitaram a mensagem do terceiro anjo. Ressuscitarão antes da volta de
Cristo e, juntos com os santos vivos, formarão o grupo privilegiado, integrarão
os 144.000. Quer dizer que estes, que morreram sob a terceira mensagem, estarão
vivos e se juntarão aos que já
estavam vivos, e
todos formarão o
grupo”.[13]
Perceba que a igreja tinha uma posição e que esta posição é
a que o Movimento de Reforma mantem até hoje. Em outro periódico da semana de
oração lemos também:
“Nossos pioneiros viram o tempo da
expiação final (de
1844 até o
fim do tempo
da graça) como o tempo do
selamento. E divisaram a mensagem que pregavam, convidando o povo a prestar obediência a todos
os mandamentos de
Deus, como a
mensagem do selamento”. [14]
Maior clareza é dispensável!
Agora, por que uma mensagem tão clara e maravilhosa é hoje
ignorada e até mesmo combatida na igreja ASD? Acreditamos que o principal
motivo seja este:
“Na
questão doutrinaria o tempo lutou contra a igreja, que cresceu bastante em número de membros... Assim sendo, quando,
hoje, alguém mais exigente pergunta quem são os 144.000. diz-se, sem muitas
explicações, que são os que Cristo encontrará vivos e fiéis por ocasião de Sua
volta... Já não se diz mais que nos
144.000 estão incluídos os que morreram ao som da tríplice mensagem”.[15]
Eis aqui o motivo, e único motivo, para se
abandonar esta verdade. Como uma igreja que já soma mais ou menos 18 milhões de
membros, que diz crer na tríplice mensagem angélica, vai pregar e crer que com
a pregação dessas mensagens serão salvas “apenas” 144.000 pessoas? Seria como
chegar à igreja e dizer: Destes 18 milhões aqui reunidos 17. 856.000 pessoas
irão se perder!
Mas a questão principal não é esta. Para se
crer que 144.000 pessoas são os que serão salvos com a pregação das três
mensagens, precisa-se primeiramente descrer que a IASD seja a igreja de Deus na
Terra. Vejamos o motivo:
“O grande derramamento do Espírito de Deus, o qual ilumina a Terra
toda com Sua glória, não ocorrerá sem que tenhamos um povo esclarecido, que
conheça por experiência o que representa ser cooperador de Deus. Quando
tivermos uma consagração completa, de todo o coração, ao serviço de Cristo,
Deus reconhecerá esse fato mediante um derramamento, sem medida, de Seu
Espírito; mas isso não acontecerá
enquanto a maior parte dos membros da igreja não forem cooperadores de
Deus. Review and Herald, 21 de julho de 1896.” [16]
Este com certeza este é o principal dos motivos pelo qual a
IASD abandonou a verdade sobre os 144.000. Para que ela venha a defender esta
verdade, a igreja deve antes de tudo, ter consciência que, com o número de
membros que possui, não conseguirá concluir nunca a obra. Vamos entender
melhor:
Sabemos que Jesus só poderá voltar quando o evangelho for
pregado (Mat. 24:14). Para que isto ocorra, é necessário que a igreja receba o
Espírito Santo, a chuva Serôdia (Atos 1:8). Para receber o Espírito Santo e
concluir a obra, a IASD deveria então realizar primeiramente uma obra
reformatória interna:
“Mas
isso não acontecerá enquanto a maior parte dos membros da igreja
não forem cooperadores de Deus.” [17]
Agora vejamos bem: Uma igreja que conta com 18 milhões de
membros deve então, para receber a chuva serôdia e concluir a obra, preparar no
mínimo 9 milhões e 1 de seus membros, ou seja 50% mais 1. Esta é a maior parte
da igreja. Agora, se a igreja que diz crer na tríplice mensagem preparar mais
de 9 milhões de membros, como ela poderia crer que debaixo dessa mensagem só se
salvam 144.000?! Neste caso, sem dúvida, é bem mais fácil abandonar a crença no
selamento como este se acha destacado na Bíblia e no Espírito de Profecia! A mensagem do selamento dos 144.000 mostra
que a IASD jamais receberá o Espírito Santo para concluir a obra!
Na conclusão da obra, o Espírito de Profecia é claro em
dizer que será “por milhares de vozes em toda a extensão da Terra,” [18] é
que será pregada a mensagem. Perceba que os que estarão envolvidos na
proclamação da última mensagem de advertência não chegam à casa dos milhões,
mas apenas milhares. Veja que esta verdade, a de que milhares pregarão, está
totalmente em harmonia com a mensagem que sela “apenas” 144.000 pessoas!!!
Na pregação da verdade, sob a atuação do Espírito Santo, na
chuva Serôdia, Ellen White profetizou:
“Milhares se converterão à
verdade num dia...” [19]
Nunca encontramos na obra final da igreja, por ocasião da
Chuva Serôdia, a inspiração mostrando milhões pregando ou milhões aceitando a
verdade, mas somente milhares pregando e milhares se convertendo!
Neste caso, para a IASD, não seria melhor e
muito mais cômodo dizer que este número de salvos seja simbólico?
Pense nisso!
cristiano_souza7@yahoo.com.br
[1] IASD é uma abreviação do nome: Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
[15] Araújo, Ubaldo Torres, O Adventismo, pg. 101.
[16]
White, Ellen G. Serviço Cristão, pg.
253. Casa Publicadora Brasileira.
[17] White, E. G. Serviço Cristão, pg. 253. Casa Publicadora Brasileira.
[18] White, E. G. O Grande Conflito, pg. 612. Casa Publicadora Brasileira.
[19] White, E. G. Eventos Finais, pg. 212. Casa Publicadora Brasileira.
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