terça-feira, 23 de abril de 2013

É o Casamento um Concerto Vitalício nos Escritos Inspirados de Ellen White?






Preparamos um estudo com o seguinte título: “É o casamento um concerto vitalício?”
No entanto, alguns sentiram a necessidade de que algo fosse dito ou explicado sobre alguns textos de Ellen White que parecem apoiar o novo casamento principalmente em base de divórcio como é o caso de Walter C. ou irmão J, e com base em adultério como aparece no texto do livro Lar Adventista pág. 344.
Vamos primeiramente fazer alguns considerações sobre o texto do livro Lar Adventista:
“Vi que a irmã ------, por ora, não tem direito de desposar outro homem; mas se ela, ou qualquer outra mulher, obtiver um divórcio legal na base de adultério por parte do marido, então está livre para casar com quem quiser.”  Manuscrito 2, 1863 (Carta 4a, 1863).
Talvez este texto seja o que mais parece dar à parte inocente o direito de um novo casamento. Algumas considerações, porém, mostrar-nos-á que os que apoiam o novo casamento com base nesta passagem estão apoiados em um fundamento frágil e sem estrutura teológica e histórica. Vejamos os motivos:
1º - Textos de Cartas Pessoais de Ellen White.
Geralmente todos os textos que parecem dar direito ao novo casamento são retirados de cartas pessoais de Ellen White, como é o texto que estamos considerando. Isto é perigoso, pois Ellen White escreveu muitas coisas de natureza totalmente comuns e não baseada em alguma revelação Divina.
2º - Os Conselhos Pessoais de Ellen White e a Bíblia.
Se a passagem em foco revela um ponto doutrinário a guiar as decisões de casamento e novo casamento no meio do povo de Deus, então estaríamos de frente com uma grande contradição entre o que Ellen White escreveu e o que encontramos na Bíblia. Jesus disse:
“Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também.” Lucas 16:18.
Façamos aqui uma comparação para entendermos melhor:
Digamos que Manuel abandonou dona Josefa e se casou com Francisca. Ele estará em adultério com dona Francisca segundo as palavras de Jesus e os escritos de Ellen White. Dona Josefa, que é a parte inocente, a qual fora abandona por seu Manuel, segundo o texto de Lucas, se voltar a casar-se novamente, mesmo sendo a parte inocente, estará também em adultério. Mas, segundo a carta de Ellen White, ela não estaria em pecado, já que seu marido a abandonou e cometeu adultério! E então, o que fazer?
Parece que existe, por parte de alguns, a tendência de darem mais importância ao que Ellen White escreveu sobre casos pessoais e comuns do que àquilo que Jesus disse. Talvez porque isto atende a seus desejos humanos e suas concepções equivocadas de misericórdia.
Não que os escritos de Ellen White não tenham peso doutrinário, pois cremos que eles constituem uma revelação de Deus a Seu povo por meio de Sua serva. Porém, devemos ter certos critérios para com certas cartas (não todas), por tratarem estas de assuntos pessoais.
Outro detalhe a considerar é que, mesmo algumas igrejas que apoiam o novo casamento para a parte considerada inocente e isto baseados em poucas declarações não da Bíblia, mas de Ellen White, acabam por permitir também o novo casamento mesmo para a parte considerada culpada. Isto é lastimável. Geralmente, um pecado aparentemente menor abre caminho para outro bem maior. Precisamos estar atentos para este fato.
3º - Os Conselhos Pessoais e o que Ellen White Escreveu de acordo com a Palavra de Deus.
Além de uma grande contradição com a Bíblia, esta carta de Ellen White vai contra muitos outros textos que ela escreveu. Vejamos:
“Esse votos ligam os destinos de duas pessoas com laços que coisa alguma senão a mão da morte deve desatar.” - Testemunhos Seletos, vol. 1, pág 576; Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 14.
Aqui, nada se falou sobre adultério ou divórcio, mas apenas da morte como sendo a única razão ou motivo para por fim a um casamento.
“O casamento, união vitalícia, é símbolo da união entre Cristo e a igreja.” - Testemunhos para a Igreja, vol. 7, pág. 46.
Vitalício: Que dura a vida inteira. Ou seja, nos escritos inspirados de Ellen White o casamento é um concerto vitalício, pois o mesmo deve durar a vida toda. Isto está sem dúvida alguma de acordo com o propósito e o plano de Deus como encontrado na Bíblia Sagrada!
“O casamento é um passo que se dá por toda a vida. Tanto o homem como a mulher devem considerar cuidadosamente se podem viver um ao lado do outro através de todas as dificuldades da vida enquanto ambos viverem.” - Lar Adventista pág. 340.
“O voto matrimonial que une o marido à sua esposa deve permanecer intacto...”. - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 78.
“Herodes sentiu-se afetado ao ouvir os poderosos, diretos testemunhos de João, e com profundo interesse indagou o que precisava fazer para tornar-se seu discípulo. João estava familiarizado com o fato de que ele estava prestes a casar-se com a mulher de seu irmão, estando o marido ainda vivo, e fielmente declarou a Herodes que isto não era lícito.” - Primeiros Escritos, pág. 154.
Devemos nos lembrar ou não esquecer que a obra do povo de Deus nestes últimos dias é simbolizada pela de João batista (Conselhos sobre Regime Alimentar, pág. 71).
Então, eu fico me perguntando por que estes textos muitas vezes não são citados? Percebe-se assim que muitos são bastante tendenciosos e unilaterais quando expõem a questão.
Quando afirmamos que os escritos de Ellen White não se contradizem com a Bíblia, nos referimos às revelações do Espírito de Deus a ela. Em seu dia a dia, apesar de ter sido uma profetiza, ela tinha suas deficiências e erros. Ela mesma escreveu:
“Com relação à infalibilidade, nunca a pretendi; unicamente Deus é infalível. Sua palavra é a verdade, e não há nEle mudança ou sombra de variação.” - Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 37.
4º - Não Tomar os Escritos de Ellen White Como Regra na Questão do Casamento.
O que Ellen White escreveu sobre casamento não deve ser tomado como regra se o que ela escreveu não for abonado pela Bíblia. Vejamos:
“Quando foi solicitado a W.C. White que apresentasse uma declaração de sua mãe, a qual pudesse servir como padrão pelo qual se analisassem os casos de casamento em desacordo com as Escrituras, ele respondeu: Depois de você ler os documentos que hoje lhe enviei, você dirá: Bem, ele não apresenta nenhuma declaração taxativa da irmã White que responda diretamente a questão. Acredito, contudo, que você perceberá através dos documentos que lhe envio, que foi intenção da Sra. White que não saísse de sua pena coisa alguma que pudesse servir como lei ou regra, segundo a qual devesse ser tratada esta questão do casamento, divórcio, novo casamento e adultério. Ela sentia que os diferentes casos em que o diabo conseguira envolver as pessoas seriam tão variados e sérios, que, escrevesse ela algo que pudesse ser tomado como regra para tais casos, ocorreria compreensão errônea e mau uso de seus escritos.” – W. C. White, em carta a C.P. Bollman, 6 de janeiro de 1931.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 8,9.
Mesmo a profetiza tomando todos os cuidados, hoje se faz uso de algumas cartas pessoais dela sobre esta questão, e querem fazer com que estas cartas sejam palavra decisiva na questão de divórcio e novo casamento. Ellen White jamais intencionou tal coisa, pois ela sabia que diversas situações envolveriam esta questão e, portanto, não se poderia fazer uma regra única para definir todos os casos. Usar suas cartas pessoais, as quais tratavam sobre assuntos singulares de casos específicos e utilizar estas cartas para definir outros casos que podem ser parecidos, mas em contexto totalmente diverso e diferente, é fazer mau uso dos escritos de Ellen White.
5º - Nenhum Conselho Diferente de Paulo.
Nos últimos anos de vida de Ellen White ela se recusou a dar qualquer opinião sobre esta questão de divórcio ou separação. Mesmo porque ela sabia que sua opinião, ainda que pessoal, poderia ser utilizada de forma errônea. Lemos:
“Mamãe recebeu durante os últimos vinte anos muitas cartas indagando acerca dos assuntos que você escreve, e muitas vezes ela escreveu em resposta, dizendo que não tinha conselho algum a dar diferente daquele do apóstolo Paulo. Recentemente ela se recusou a lidar com cartas desse tipo, dizendo que não as levássemos a seu conhecimento.” Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 219.
Como se pode notar, ela percebeu que não deveria opinar sobre este ponto, que o único conselho que tinha para dar, era o mesmo do apóstolo Paulo. Lembremos o que Paulo escreveu sobre isto:
“Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.” Romanos 7:2-3.
“Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” I Coríntios 7:10-11.
“A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.” I Corintios 7:39.
Esta postura de Ellen White sobre o casamento, com certeza não era a mesma que ela havia deixado transparecer em alguma carta pessoal no tempo em que não tinha ainda luz suficiente sobre o assunto.
Então perguntamos: Nos escritos inspirados de Ellen White, é o casamento um concerto vitalício? Respondemos: Sem dúvida alguma, e graças a Deus por isto!
Ou seja, no fim de sua vida, Ellen compreendia que esta era a posição mais segura, e justamente esta posição é que nós como igreja temos adotado ao longo dos anos!
6º - A Igreja Deve Decidir com Base no “Está Escrito”.
Apesar de esta ser a posição geral que a profetiza adotou, a saber, que somente a morte de um dos cônjuges desfaz uma união segundo a Bíblia, atitude adotada até hoje por nós como povo, a igreja deve estar capacitada a dar uma posição de acordo com “os diferentes casos em que o diabo conseguira envolver as pessoas.” Comparando o que ela muitas vezes pensava com o que ela lia nas páginas sagradas, Ellen White chegou à conclusão que não era dever dela ditar nenhuma regra única a ser seguida baseada nos “tão variados e sérios” casos de casamento e separação. Sobre isto Ellen White escreveu:
“Não acredito que quaisquer questões como estas devessem ser postas diante de mim. Não creio ser meu trabalho lidar com tais casos, a não ser que eles sejam plenamente abertos diante de mim. Na igreja devem existir irmãos capazes de falar decididamente a respeito deste caso. Não consigo compreender tais coisas.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 219.
Em alguns casos, a decisão da igreja, relativamente a alguém, pode ser a de que tal pessoa “se for para o Céu, deverá ir sozinho, sem a comunhão da igreja. Uma permanente censura da parte de Deus e da igreja deve estar sobre ele, para que o padrão de moralidade não seja rebaixado ao pó.” - Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 215.
7º - O Povo de Israel e Moisés, Ellen White e a Igreja Adventista.
Existe um paralelo interessante entre o povo de Israel e o povo adventista em muitos detalhes, e, nesta questão de casamento e divórcio, de forma especial. Jesus disse que foi por causa da dureza do coração que Moisés havia dado permissão para o divórcio (Mateus 19:8). Moisés, mesmo sendo o profeta de Deus, falou algo, segundo as circunstâncias da época, que na verdade nunca esteve no coração de Deus, a saber, que um homem pudesse dar carta de divórcio à sua esposa (Deuteronômio 24:1), “pois o Eterno, o Deus Todo poderoso de Israel, diz: Eu odeio o divórcio; eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.” (Malaquias 2:16. BLH).
Semelhantemente, Ellen White, ainda nos primórdios de seu ministério profético, também deu certos conselhos sobre a questão do casamento que, em realidade,  segundo as circunstancias da época, não retratavam a perfeita vontade Divina. O tempo e a vontade de Deus, porém, revelada em sua Palavra, a ensinou sobre isto.
No tempo de Israel, o divórcio foi permitido por causa da dureza do coração. E como foi a experiência da igreja Adventista comparando-a com a nação israelita? Lemos:
mesma desobediência e o mesmo fracasso observados na igreja judaica têm caracterizado em maior grau o povo que recebeu esta grande luz do Céu através das últimas mensagens de advertência.” - Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 157.
Isto justifica também a posição inicial de Ellen White sobre casamento e divórcio na igreja Adventista, igreja que possuía a mesma fraqueza da igreja Judaica, porém, em maior grau em todos os aspectos, inclusive na questão matrimonial, posição corrigida no futuro, quando Deus convidou então Seu povo para uma “completa reforma” atendida por 2% da igreja Adventista. - Testemunhos para Ministros, pág. 514; Serviço Cristão pág. 40,41.
Algumas pessoas questionam por que Ellen White nesta carta escreve como se Deus tivesse dado a ela uma revelação especial, ao escrever: "Vi que...". No entanto, esta expressão pode ser compreendida de duas formas:
- O "vi que" pode significar que ela "entendeu que...", ou seja, um ponto de vista humano da profetiza. 
- Que Deus havia dado a ela uma revelação especial sobre aquele assunto. Neste caso, entendemos perfeitamente o motivo da igreja Adventista repetir em muitos aspectos a mesma história do povo de Israel também na questão do divórcio. Moisés, sendo o profeta da igreja naquele tempo, disse, sob orientação e inspiração Divina, que um homem podia divorciar-se de sua esposa se encontrasse nela alguma coisa que o desagradasse. Semelhantemente, Ellen White, por volta do ano de 1863, como profetiza da igreja, deu um parecer similar ao que Moisés havia dado devido à dureza de coração do povo do advento. Mesmo Moisés dando ao povo um conselho sobre inspiração Divina semelhante ao de Ellen White, Jesus deixou claro que isto não estava nos planos originais de Deus, e que o divórcio fora permitido por causa da dureza do coração do povo. Se na igreja Adventista esta dureza de coração foi maior, o que se poderia esperar da profetiza à semelhança do que fez Moisés? No entanto, é sempre bom ter em mente que o plano original de Deus tão defendido por Jesus em Mateus 19:4-8, sempre foi o ideal Divino, e que "no tempo do fim, toda instituição divina deve ser restaurada." - Profetas e Reis, pág. 678. 
Esta compreensão sobre casamento inundou a vida Ellen White quase no fim de seu ministério.
Se alguns se firmam baseados no “vi que” para apoiar hoje o divórcio e o novo casamento, semelhantemente deveriam hoje ainda se alimentar de carne de porco e não condenar também os que assim fazem. Ellen White escreveu:
Vi que suas ideias sobre a carne de porco não seria prejudicais se vocês as retivessem para sim mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito dessa questão uma prova...” – Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 206, 207.
“Ao passo que diríamos aos que estão dispostos a importunar os que cultivam lúpulo e fumo e criam porcos entre nosso povo que eles não têm o direito de fazer destas coisas, em qualquer sentido, uma prova de comunhão cristã,...”. - Mensagens Escolhidas, vol. pág. 338.
Se o “vi que” deve ser hoje uma base para a igreja permitir novo casamento, o mesmo “vi que” deveria levar a igreja também a não fazer da carne de porco uma prova de comunhão. No entanto, mesmo a igreja Adventista acredita que algumas revelações de Deus a Ellen White, dadas a ela no início de seu ministério, não devem servir como base, para as decisões da igreja no tempo atual quando a vontade de Deus foi de forma mais claramente expressa (Conselhos sobre Regime Alimentar, págs. 405, 412, 413).

Hoje, a igreja mencionada, faz da carne de porco uma prova de comunhão baseados não apenas nos escritos posteriores de Ellen White sobre o assunto, mas também no que a Bíblia fala sobre este ponto (Levítico 11:6-8; Isaias 65:3; 66:17). No caso do divórcio, a igreja deveria utilizar o mesmo critério, o qual nós adotamos!
Em nossos dias, seria tão errado buscar apoiar o divórcio com base nos escritos de Moisés como fizeram os fariseus nos dias de Jesus, como também nos dias atuais procurar apoiar o divórcio com base em algumas palavras de Ellen White!
Aos que citam pequenos textos das cartas de Ellen White para dar apoio equivocado ao divórcio, repetimos as palavra de Jesus: “Mas no princípio não foi assim.” Mateus 19:8. Sem contar que quase no fim do ministério de Ellen White, no que se refere a ela, também não foi!
O caso de J ou Walter C.
No livro Mensagens Escolhidas volume 2, na página 340 se pode ler sobre o caso de J. Esta mesma carta pode ser encontrada também no livro Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, publicado pela casa Publicadora Brasileira. Neste livro, você encontra esta mesma carta em sua forma completa. Neste livro, a carta menciona Walter C. Já no livro mensagens escolhidas, este mesmo jovem aparece com apenas uma letra para identifica-lo: “J”.
Citaremos apenas as partes mais interessantes da carta. Uma parte, a que é mais citada pelos defensores daquilo que Deus odeio, o divórcio, lemos:
“J não se separou de sua esposa. Ela o deixou e separou-se dele, e casou com outro homem. Não vejo nada na Escritura que o proíba de tornar a casar-se no Senhor. Ele tem direito à afeição de uma mulher.” - Mensagens Escolhidas vol. 2, pág. 340.
Alguns pontos devem ser esclarecidos aqui nesta carta. Vejamos:
 - Esta, assim como a primeira carta que analisamos, é também uma carta de aconselhamento pessoal, e não reflete a soberana vontade de Deus ou algum ponto de doutrina. É fácil ver isto de forma bem prática e clara. Vejamos, Ellen White escreveu:
“...pode ser que esse casamento esteja no desígnio de Deus...” - Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 339; Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 67.
Perguntamos: Com Deus existe “pode ser”?????  É muito fácil ver que esta carta se trata de um conselho totalmente pessoal, e não de alguma revelação Divina a Ellen White ou alguma inspiração, ao dar ela tal conselho.
Ellen White deixou claro tratar-se de um parecer unicamente pessoal. Na carta, ela fez questão de escrever:
“Como pediste MEU conselho, dou-o francamente.” - Mensagens Escolhidas vol. 2, pág. 340. Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 72.
Não é, portanto o parecer de Deus, mas o parecer de Ellen White apenas como uma humana passível de erro como qualquer profeta ou profetiza, ao dar sua própria opinião.  Veja exemplo em II Samuel 7:1-13 quando o profeta Natã aconselhou Davi que edificasse o templo, quando, na verdade, Deus tinha outros planos. Mas o profeta deu apenas sua opinião no caso.  
A irmã White ainda escreveu:
“Este é o MEU ponto de vista.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 69.
 - Se o caso de muitos que usam esta carta para se casarem novamente for o mesmo caso de Walter “C” então não vemos tanto problema assim. Mas qual era o problema de Walter? Vejamos:
“Ele (Walter C ou J) tem direito à afeição de uma mulher que, sabedora de seu defeito físico, decide devotar-lhe seu amor. Chegou o tempo em que ser estéril não é pior coisa que pode ocorrer.”  - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 68.
Bem, esterilidade não é defeito físico, mas um defeito fisiológico! Ellen White, estava então não falando meramente de um problema de esterilidade, mas de um defeito físico. Qual era ele? Lemos:
“Quando ainda bastante jovem, Walter C levou a cabo o que lhe pareceu uma sugestão, em Mateus 19:12, tornando-se eunuco. Segundo Walter, Laura casou com ele conhecendo plenamente sua condição. Contudo, ela inesperadamente se divorciou dele e desposou outro homem. Depois disso, Walter tornou a casar. As cartas transcritas nesta seção revelam o sincero esforço de Ellen White no sentido de proteger a santidade do compromisso matrimonial mesmo em face de circunstâncias extremamente difíceis.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 54.
Eis o defeito físico de Walter C., ele fez algo como uma cirurgia tornando-se literalmente eunuco. Por isso disse que, se o caso das pessoas que utilizam esta carta escrita a Walter, para contrair novo casamento, tiver o mesmo problema dele, não vemos tanta dificuldade. ...
Nestas circunstâncias, qual era o relacionamento de Walter C. com sua segunda esposa? Eis a resposta:
“Poderá acompanhar o marido em suas viagens e ser-lhe de ajuda; quando permanecer no lar, poderá servir ao senhor como se não fosse casada. Este é o meu ponto de vista.” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 69.
Portanto, o caso de Walter não tem nenhuma semelhança com os casos existentes hoje nas igrejas que professam fé na mensagem do terceiro anjo, então, querer aplicar o caso de Walter às circunstâncias de hoje no que se refere ao casamento, desvirtua a beleza da verdade como ela é em Jesus! E, não devemos nos esquecer das primeiras considerações que fizemos neste artigo no texto do livro Lar Adventista.
Sempre que nos depararmos com certos textos que parecem contradizer a verdade, devemos sempre avaliar o tempo, as circunstâncias, o lugar em que estes textos foram escritos. Isto nos ajuda a harmonizar a mensagem e vemos perfeita simetria, beleza e harmonia na mensagem que pregamos.
 “Quanto aos testemunhos, coisa alguma é ignorada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém, têm que ser considerados”.  - Mensagens Escolhidas vol. 1, pág. 57. 
As outras passagens que são utilizadas com o objetivo de dizer que o adultério dá motivos suficientes para dissolver uma união matrimonial (Lar Adventista pág. 344 e 345; Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, págs. 78,79; 158,159; 250), mostram apenas que tal pecado pode separar um casal. Estes textos não mencionam jamais um novo casamento e, segundo Lucas 16:18, mesmo à parte inocente nestas condições é vedado um novo matrimônio.
A igreja tem sobre si a missão de restaurar os lugares antigamente assolados e restaurar os fundamentos de geração em geração (Isaias 58:12). O casamento precisa ser restaurado como Deus o criou. Foi feita pelo inimigo, através do divórcio, uma brecha na família. O divórcio é invenção diabólica, coisa que Deus odeia. À Sua igreja, Deus deu a sublime e solene missão de, assim como João Batista, proteger a família através da restauração dos princípios edênicos do casamento. Que Jesus, aquele que deu a própria vida em prol da família humana, una os lares, coração de pai ligado ao da mãe e os destes aos dos filhos.
Existem muitos lares sendo destruídos. O diabo deseja ver pais separados e lares infelizes e desfeitos. Os pais se tornam egoístas ao sentirem-se livres para unir suas vidas a uma nova pessoa, sem que se comovam do trauma que causarão na mente de seus filhos por toda a vida e a ruína que estão causando na família.
Apelo aos casais do mundo todo para que se apeguem a Jesus. Orem para que Jesus aumente ou até mesmo implante novamente o amor em vosso coração e em vosso lar.
“Você poderá dizer que não ama o esposo. Deve isto ser razão para tentar não amá-lo? Porventura é a presente vida tão longa e de tanto valor que decidirá seguir o próprio caminho e apartar-se da lei de Deus?” - Testemunhos sobre Conduta Sexual Adultério e Divórcio, pág. 55.
“Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.” Mateus 19:5.
Para dúvidas, críticas ou sugestões, entre em contato:
cristiano_souza7@yahoo.com.br

quinta-feira, 4 de abril de 2013

CORANTES

Declarar os ingredientes dos alimentos industrializados é lei federal  e o prazo para as indústrias se adaptarem está findando. Saiba agora algo mais sobre as definições dos corantes presentes nestes alimento. Vovê pode estar consumindo, inclusive, insetos.

 

CORANTES


Os corantes são substâncias que transmitem aos alimentos novas cores ou exaltam as que eles já possuem, com a finalidade de melhorar o seu aspecto.
A função dos corantes é "colorir" os alimentos, fazendo com que os produtos industrializados tenham uma aparência mais parecida com os produtos naturais e mais agradável, portanto, aos olhos do consumidor. Eles são extremamente comuns, já que a cor e a aparência tem um papel importantíssimo na aceitação dos produtos pelo consumidor. Uma gelatina de morango, por exemplo, que fosse transparente não faria sucesso. Um refrigerante sabor laranja sem corantes ficaria com a aparência de água pura com gás, o que faria que parecesse mais artificial, dificultando sua aceitação. É inegável que uma bebida com sabor e cor de laranja é muito mais agradável de beber do que uma bebida incolor com gosto de laranja.
Existem, entretanto, razões de ordem técnica para se colorir os alimentos, destacando-se as seguintes:
ü          Restaurar a cor dos produtos cuja coloração natural foi afetada ou destruída durante o processamento;
ü          Uniformizar a cor dos alimentos produzidos a partir de matérias-primas de origem diversa;
ü          Conferir cor a alimentos incolores.

 

CORANTES NATURAIS X CORANTES ARTIFICIAIS


A notória simpatia dos consumidores pelos ingredientes de origem natural tem feito nos últimos anos um conjunto de indústrias de formulação de aditivos alimentícios prosperar e investir em pesquisa e desenvolvimento. Os felizardos são os fornecedores de corantes naturais, insumos com função estética e de grande importância para a indústria de alimentos, onde são utilizados para deixar os produtos com cores mais sedutoras para o consumo.
A tendência “natureba”, mais forte no exterior mas aos poucos tomando corpo no Brasil, fez as principais empresas e centros de pesquisa do ramo quebrarem um pouco a cabeça para deixar os corantes naturais mais estáveis à luz e ao calor, para desenvolver novas aplicações e superar problemas de fornecimento. Foi um esforço concentrado e que se aproveitou da cautela mundial com os corantes sintéticos, contra os quais vários estudos ao longo dos anos vêm apontando problemas de alergia e outros malefícios à saúde.
            A literatura científica, aliás, é farta em apontar cuidados com a ingestão dos sintéticos, a despeito do ainda grande uso deles pelos produtores de alimentos e bebidas processadas. Esses corantes são pigmentos ou tintas sintéticas do grupo azóico, sendo a maior parte delas sintetizada a partir do alcatrão do carvão mineral.
As pesquisas, além de alertar sobre os limites de tolerância dos corantes permitidos, já fizeram vários sintéticos serem proibidos pela maior parte dos países. A publicação de estudos do Codex Alimentarius, órgão ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS), já fundamentou a banição de alguns corantes por ministérios da saúde de todo o mundo, inclusive o brasileiro. Foram proibidos, por exemplo, o amarelo sólido, até então muito empregado em gelatinas; o laranja GGN, usado em pós para sorvetes; o vermelho sólido, para recheios e revestimentos de biscoitos; o azul de alizarina, corante em óleos emulsionados e gelatinas; e o escarlate GN, com uso em recheios de confeitarias.
No momento, a legislação brasileira, atualizada com boa parte das leis internacionais e seguindo as recomendações multilaterais da FAO (Food and Agriculture Organization), permite apenas oito sintéticos e mais cinco sintéticos idênticos aos naturais. A permissão é condicionada à indicação nos rótulos sobre a sua condição sintética e sobre a ingestão diária aceitável.
O fato destes corantes sintéticos serem permitidos, porém, não anula seus efeitos adversos, que embora não sejam divulgados na embalagem estão disponíveis em artigos científicos. Por exemplo, a eritrosina, corante sintético vermelho, consta como causadora de hipertireoidismo quando consumida em excesso. Também o vermelho Ponceau pode causar anemia e uma doença renal (glomerulonefrite), enquanto o amarelo tartrazina recentemente foi associado como causa de insônia em crianças.
Como resposta aos riscos, e tirando o proveito da crescente má fama dos sintéticos, os corantes naturais ganham espaço. Trata-se de uma conquista gradual, não maior por causa das vantagens competitivas dos sintéticos. Além da estabilidade bastante superior aos naturais, esses corantes artificiais possuem maior capacidade tintorial, traduzida por um poder de melhor fixação nos alimentos, com cores mais intensas e menor custo, tanto por necessitar de dosagens menores como por seu preço direto inferior.
Mas foi justamente para diminuir essa diferença na disputa que os interessados na comercialização dos aditivos naturais procuraram, em conjunto com alguns clientes, melhorar o desempenho dos corantes naturais. As iniciativas tomaram as mais variadas formas, desde as tecnológicas, até as de garantia de fornecimento constante de matérias-primas, no passado muito sujeitas à sazonalidade da atividade agrícola.
Os desenvolvimentos englobaram as principais famílias cromáticas dos corantes naturais: amarelo (curcumina, luteína, carotena); a laranja (urucum e páprica); vermelho (carmim, licopena, betanina e antociana) e verde (clorofila). Mas, de forma específica, prevaleceram nos cinco corantes naturais considerados de maior importância no mercado mundial: o urucum, a páprica, a cúrcuma, as antocianinas e o carmim de cochonilha.
O movimento de adesão ao uso de corantes naturais, embora não ocorra na velocidade esperada pelos fornecedores, justifica um crescimento médio anual no consumo entre 5% e 9%. De forma geral, além das aplicações já tradicionais e antigas dos corantes, como por exemplo o urucum e o carmim em embutidos e salsichas, novos usos surgem, motivados por desenvolvimentos dos próprios clientes e onde é possível agregar valor um pouco maior oriundo dos ingredientes naturais.
Muitos dos aditivos naturais possuem também características funcionais e não só estéticas. Os carotenos naturais, como os extraídos de cenouras e palma, são agentes antioxidantes, assim como as antocianinas. A luteína evita a chamada mácula da retina dos olhos e o licopeno é comprovado como antídoto do câncer de próstata. E o próprio nacional urucum, segundo pesquisa da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, tem demonstrado eficácia no combate a diabetes e ao colesterol alto. Mais um ponto a favor dos corantes naturais na briga com os sintéticos.


LEGISLAÇÃO DO BRASIL


No Brasil a regulamentação do uso de aditivos para alimentos, inclusive corantes, é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
 O Decreto n. 50. 040 de 24 de janeiro de 1961 foi a primeira norma técnica de regulação do emprego dos aditivos químicos em alimentos.
A resolução CNNPA n. 44 estabeleceu as condições gerais de elaboração, classificação, apresentação, designação, composição e fatores essenciais de qualidade dos corantes empregados na produção de alimentos e bebidas.
Pela legisla’cão atual através das resoluções n. 382 e 388 da ANVISA, no Brasil é permitido o uso de apenas 11 (onze) corantes artificiais, sendo eles:

NOME
CEE
COR
IDA ( mg/kg produto)
Amaranto
E123
Magenta
0,50
Vermelho de eritrosina
E127
Pink
0,10
Vermelho 40
E129
Vermelho alaranjado
7,00
Ponceau 4R
E124
Cereja
4,00
Amarelo crepúsculo
E110
Laranja
2,50
Amarelo tartrazina
E102
Amarelo limão
7,50
Azul indigotina
E132
Azul royal
5,00
Azul brilhante
E133
Azul turquesa
10,0
Azorrubina
E122
Vermelho
4,00
Verde rápido
E143
Verde mar
10,0
Azul patente V
E131
Azul
15,0

Esses corantes têm uso permitido como resultado da harmonização da legislação realizado entre os países membros do Mercosul. A reslução GMC n. 53/98 trata dessa harmonização, e a resolução GMC 52/98 trata dos critérios paara determinar funções de aditivos e sus limites para seu consumo em alimentos.

LEGISLAÇÃO
  1. Definição
Para os efeitos desta Resolução, considera-se corante a substância ou a mistura de substâncias que possuem a propriedade de conferir ou intensificar a coloração de alimento (e bebida).
1.1.            Excluem-se da definição acima, os sucos e/ou extratos de vegetais e outros ingredientes utilizados na elaboração de alimentos (e bebidas) que possuem coloração própria, salvo se adicionados com a finalidade de conferir ou intensificar a coloração própria do produto.

  1. Classificação
Os corantes são classificados como:
2.1.            corante orgânico natural – aquele obtido a partir de vegetal, ou eventualmente, de animal, cujo princípio corante tenha sido isolado com emprego de processo tecnológico adequado.
2.2.            corante orgânico sintético –aquele obtido por síntese orgânica mediante o emprego de processo tecnológico adequado.
2.2.1.      corante artificial – é o corante orgânico sintético não encontrado em produtos naturais.
2.2.2.      corante orgânico sintético idêntico ao natural – é o corante orgânico sintético cuja estrutura química é semelhante à do princípio ativo isolado de corante orgânico natural.
2.3.            corante inorgânico – aquele obtido a partir de substâncias minerais e submetido a processos de elaboração e purificação adequados a seu emprego em alimento.
2.4.            caramelo – o corante natural obtido pelo aquecimento de açúcares à temperatura superior ao do ponto de fusão.
2.5.            caramelo (processo amônia) – é o corante orgânico sintético idêntico ao natural obtido pelo processo amônia, desde que o teor de 4-metil, imidazol não exceda no mesmo a 200mg/kg.



CORANTES NATURAIS

Comercialmente os tipos de corantes mais largamente empregados pelas indústrias alimentícias têm sido os extratos de urucum, carmim de cochonilha, curcumina, páprica, antocianinas e betalaínas.

A maioria dos corantes naturais é de origem vegetal. Costuma-se classifica-los em quatro grandes categorias:
  • os pigmentos porfirínicos: clorofila
  • os flavonóides e derivados: antocianinas,...
  • os carotenóides: β-caroteno, licopeno, xantofila,..
  • as quinonas: ácido carmínico, carmim,..
As essas quatro principais categorias convém adicionar as xantonas, a betalaina, a cúrcuma, os taninos e o caramelo.

OS PIGMENTOS PORFIRÍNICOS:


Clorofila
Origem: vegetais folhudos e algumas frutas.
Coloração: verde.

A clorofila é o único corante natural verde permitido.Ë o pigmento responsável pela cor verde dos vegetais folhudos e de algumas frutas.
a clorofila natural é insolúvel em água, mas mediante tratamento ácido alcalino pode-se produzir a clorofilina, a qual é solúvel em água. Tanto a clorofila quanto a clorofilina não são muito estáveis quando expostos ao calor ou à luz. Em tratamento controlado com presença de íons de cobre ou zinco, é possível substituir o átomo metálico central de magnésio, sendo os compostos cúpricos, ou de zinco, assim obtidos muito estáveis. (A clorofilina cúprica de sódio, é obtida através da hidrólise da clorofila, seguida por purificação, introdução de cobre e conversão para o sal de sódio. Possui alta estabilidade ao calor e excelente estabilidade à oxidação e à incidência de luz).
O corante de clorofila é empregado em sorvetes, sucos, massas com vegetais, iogurtes, biscoitos, queijos ...

OS FLAVONÓIDES E DERIVADOS:

Antocianinas
Origem: flores, frutos e plantas superiores (uva, repolho vermelho, milho peruano).
Coloração: Vermelha, azul, púrpura ou violeta

Encontram-se amplamente distribuídas em flores, frutos e demais plantas superiores.Os sub-produtos da indústria da uva e do vinho já são empregados na preparação comercial de antocianinas.
Apresentam estrutura básica C6-C3-C6. Diferente de outros flavonóides, as antocianinas são capazes de absorver fortemente a luz na região do espectro visível, conferindo uma infinidade de cores entre o laranja, o vermelho, o púrpura e o azul de pendendo do meio em que se encontrem.
O pH é certamente o fator mais importante no que diz respeito à coloração das antocianinas.Além do pH, a cor das soluções de antocianinas depende de outros fatores como concentração, tipo de solvente, temperatura, estrutura do pigmento, presença de substâncias capazes de reagir reversível ou irreversivelmente com a antocianina, entre outras.
As uvas do tipo Cabernet Sauvignon contêm quatro principais antocianinas: delphinidin-3-monoglicosídio, petunidina-3-monoglicosídio, malvidina-3-monoglicosídio e malvinidina-3-monoglicosídio acetilado com ácido clorogênico.
O milho da espécie Kcully zea mays é uma variedade especial de milho caracterizando-se por seu alto teor de antocianos na sua espiga. Trata-se de uma variedade produzida somente no Peru. Uma das suas vantagens é a ausência de sulfitos, ao contrário do que ocorre normalmente com antocianos obtidas a partir das cascas de uva tinta, após o processo de fermentação alcoólica.
Outro pigmento da família dos antocianos é o suco do repolho vermelho (Brasica oleracea). Produz cores entre o rosa escuro e o vermelho, em produtos com pH inferior a 4. Um pH superior faz com que os pigmentos antociânicos tomem uma coloração do tipo púrpura azulada, altamente instável. Um problema com este corante é o gosto que ele deixa.

OS CAROTENÓIDES:

Existem duas maneiras de classificar os carotenóides. A primeira considera a existência de duas grandes famílias: os carotenos e as xantofilas. O segundo sistema divide os carotenóides em três tipos acíclico (licopeno), monocíclico (γ-caroteno) e bicíclico (α-caroteno e β-caroteno). O licopeno é a substância que atribui a cor característica ao tomate. O açafrão produz um pigmento chamado crocina.
A gordura do leite também contém carotenóides, variando entre 2 e 13 ppm, dependendo da estação, a qual influi na alimentação do animal. Por isso, a manteiga às vezes parece muito branca e, para torna-la com uma melhor aparência é necessário adicionar corante.
Em princípio, as operações de processamento têm pouca interferência nos carotenóides. Os complexos carotenóide-proteína são geralmente mais estáveis do que os carotenóides livres. Como os carotenóides são altamente não saturados, o oxigênio e a luz são os fatores que mais os afetam. As operações de processo destroem as enzimas que causam a destruição dos carotenóides. Os carotenóides em alimentos congelados ou esterilizados com calor são bastante estáveis. Por outro lado, a estabilidade é pouca em produtos desidratados, a menos que embale o produto com gás inerte. Uma exceção notável é o damasco, que mantém muito bem a cor nas mais variadas condições. Cenouras desidratadas perdem a cor rapidamente.
Hoje, os carotenóides são produzidos sinteticamente; os principais são o β-caroteno, o apocarotenol e cantaxatina. Por terem alto poder tintorial, são utilizados em alimentos em níveis de 1 a 25 ppm. São estáveis à luz e, de modo geral, apresentam boa estabilidade em aplicações alimentícias. O β-caroteno propicia uma cor do amarelo claro ao laranja, o apocarotenol do laranja  claro ao vermelho alaranjado e a cantaxantina, cores mais vermelhas. Os carotenóides naturais aplicados em alimentos são o urucum (annatto), a oleoresina de páprica e o óleo de palma bruto.


Urucum

Origem: urucuzeiro
Coloração: amarelo-alaranjado

O urucuzeiro é um arbusto grande, ou uma pequena árvore, originário da América Latina, tipicamente tropical e, atualmente, pantropical, ou seja, cultivado nos trópicos de todo o mundo. Pertence à família Bixaceae e responde ao nome botânico de Bixa Orellana. O urucuzeiro é uma planta perene, não sendo muito exigente quanto a solos, clima e tratos culturais. Suporta variações de temperatura entre 22 e 30oC e sobrevive em locais onde a pluviosidade varia entre 800 a 2000 mm anuais.
O urucum é o único corante natural que tem sua origem em solo brasileiro. Além disso, extraído há séculos pelos índios, que utilizam seu poder tintorial como maquiagem tribal, o urucum tem sido objeto de profissionalização de cultivo, deixando no passado remoto a coleta selvagem e hoje contando com cerca de 6 mil hectares de plantações pelo país. Atualmente, cerca de 70% da produção brasileira é cultivada, com utilização de técnicas de manejo e tratos culturais adequados e beneficiamento em máquinas. Pequena parcela da produção ainda é silvestre ou utiliza métodos tradicionais de manejo.
O corante do urucum é extraído a partir da polpa da semente, constituída de uma fina camada resinosa de coloração vermelha alaranjada.
O corante urucum é disponível comercialmente nas formas hidrossolúvel e lipossolúvel, dependendo do método de extração e dos processos subseqüentes de preparação para chegar a diluições, suspensões, misturas, emulsões e pós. A forma lipossolúvel, a bixina é obtida amolecendo as sementes com vapor e extraindo o pericarpo com etanol, um hidrocarboneto clorado ou óleo vegetal. A bixina pode ser cristalizada e oferecida em forma de pó cristalina com concentração de 28 a 90%. A bixina é um carotenóide e está presente nas sementes entre 70 a 80%. O valor comercial do urucum está diretamente relacionado com seu teor de bixina. Considera-se como comercialmente satisfatório um teor de bixina de 2,5%.
A norbixina é hidrossolúvel e é tecnicamente possível obter soluções contendo mais de 5% dela. Na prática, 2,5% é o máximo de concentração que se obtém, sendo as soluções ao redor de 1%, as mais freqüentemente encontradas. As soluções de norbixina podem ser spray-dryed, obtendo-se assim um pó fino: a concentração de norbixina nesses pós pode ser de até 15%.
Obviamente, é a aplicação que irá determinar qual é a forma de urucum – bixina ou norbixina- mais indicada, sendo que a solubilidade é um dos determinantes principais.
            Ao contrário de vários corantes sintéticos, o urucum não é carcinogênico. Possui um longo passado de aplicações diversas nas medicinas regionais de todos os países onde é encontrado.
            Investigações realizadas na Holanda sobre a toxicidade do urucum, com experiência em ratos, camundongos e suínos, comprovam que o pigmento não apresenta toxicidade, podendo ser empregado para colorir manteigas, margarinas, queijos e outros alimentos processados. Uma ingestão diária temporária de 1,25 mg/kg de massa corpórea para extratos de urucum foi permitida pela FAO/OMS desde 1970. Os pigmentos são satisfatoriamente metabolizados.
            Como alguns países do mundo não permitem o uso de corantes artificiais em produtos alimentícios, o urucum acaba sendo cada vez mais procurado no mercado internacional. É permitido em todos os países do mundo. Por causa das restrições aos corantes sintéticos, o urucum aparece como alternativa para as indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética.
            Existem diversas aplicações para o urucum, algumas mais tradicionais e outras menos conhecidas.
            Queijo processado – O urucum é comumente usado em vários queijos, queijos fundidos e molhos a base de queijo. Os corantes hidrossolúveis são os mais usados para coloração de queijo prato e cheddar, por exemplo. O urucum dá uma tonalidade amarela-alaranjada e ajustes de cor podem ser obtidos combinando urucum com outros corantes naturais. Também pode ser usado somente na coloração da crosta.
            Margarinas e similares (cremes ou halvarinas), gorduras vegetais e óleos – Uma bela tonalidade de manteiga da fazenda pode ser dada às margarinas, gorduras vegetais e óleos de cozinha com o uso de urucum. Usa-se bixina (lipossolúvel). Se necessário, pode-se fazer um blend de custo convidativo adicionando vitamina A. Novamente, ajustes de tonalidade podem ser obtidos com a adição de um outro corante natural.
            Laticínios -  Uma grande variedade de laticínios, incluindo iogurtes, sorvetes ou manteigas pode ser colorida com urucum.
            Cereais – O urucum na forma hidrossolúvel pode ser usado na fabricação de cereais fabricados por extrusão. Dependendo do processo, pode-se conseguir tonalidades variando do amarelo-laranja até um marrom dourado. O corante pode ser incorporado na matéria-prima, injetado como corante líquido na própria receita ou adicionado como revestimento por spray.
            Snacks – Salgadinhos a base de queijo, produzidos por extrusão ou não, podem ser coloridos com corante lipossolúvel (bixina). A quantidade usada varia dependendo da intensidade da cor desejada, podendo-se obter tonalidades que lembram desde a manteiga até um belo cheddar. Um método típico de aplicação consiste em misturar o corante com óleo e queijo em pó, obtendo-se uma pasta que será vaporizada sobre os salgadinhos, ou derramado neles.
            Massas – Sejam elas frescas, secas ou caseiras, o urucum é indispensável para conferir ao produto final a coloração amarelada que o consumidor espera encontrar em todo bom produto. Usa-se, normalmente, a alternativa lipossolúvel; pode-se usar também a hidrossolúvel ou o produto em pó, uma forma que trás vantagens substanciais para o processo de produção.
            Embutidos – Frios, salames, patês, mortadelas e, particularmente, as salsichas são também aplicações tradicionais para o urucum. Nas salsichas é utilizado o corante líquido hidrossolúvel.
            Outras aplicações – Bebidas (refrigerantes, vinhos, licores, sucos, etc), panificação (biscoitos, recheios e coberturas de biscoitos, bolos, pães, etc), rações para animais e aves, condimentos mistos a base de mostarda, balas, sopas em pó, etc.
            As restrições de uso de muitos corantes sintéticos e a relativa instabilidade de muitos carotenóides têm levado a um uso crescente do corante urucum, na forma de bixina, norbixina e outros blends, em vários setores processadores de alimentos, e de modo mais acentuado nas indústrias de laticínios. Em 1999, o Brasil sozinho foi o maior produtor mundial de corantes de urucum, com safra de 8-9 mil toneladas.

Páprica
Origem: Nome científico Capsicum annuum L. Família Solanaceae Origem América Latina
Coloração: vermelha ou amarela
Sinônimos: Alemão: Paprika, Espanhol: Paprika, Pimiento dulce, Pimiento morrón, Pimentón, Inglês: Bell pepper, Pod pepper, Sweet pepper



Seu nome deriva de pimenta, causando algumas confusões, sendo chamado pimenta-doce em alguns países. O pó obtido do fruto seco é denominado páprica, que tem origens sérvias, significando pimenta. O termo botânico Capsicum deriva do grego kápsa, caixa, cápsula, numa referência ao formato das frutas. A espécie anuum, vem do termo latino que designa annual, apesar desta periodicidade não ser constante. Partes usadas: frutos. A remoção das sementes e veios resulta num produto menos picante e mais colorido. Doce e aromático, possui espécies picantes.
 Os espanhóis foram os primeiros a plantar um tipo de pimentão que origina a páprica. Está muito ligado à cozinha húngara, que produz a melhor páprica do mundo que vai do doce ao picante. Mas quem introduziu a páprica aos espanhóis foram os turcos, que por ironia eram inimigos dos húngaros. Apesar de ser uma especiaria, a páprica tem um teor impressionante de vitamina C. Isto foi descoberto por um cientista húngaro que ganhou o prêmio Nobel por pesquisar o conteúdo de vitamina C da páprica, sendo mais rica do que as frutas cítricas. Os pimentões mais suaves são uma invenção européia, disseminada posteriormente. O princípio picante, a capsaicina, está presente em quantidades ínfimas (0,005%) nas variedades suaves, podendo chegar a 0,1% em espécies mais picantes. O sabor de páprica é devido ao óleo essencial composto por hidrocarbonetos, ácidos graxos e ésteres, além de vitamina C. Sua coloração comum é vermelha ou amarela, podendo assumir cores similares à da berinjela em algumas variedades. Os pimentões moídos e secos que originam a páprica, são utilizados pelo seu sabor compatível com temperos mais fortes e picantes e pela sua intensa coloração. Devido a seu alto conteúdo de açúcar, não deve ser queimado para que não se torne amargo. No golfo Pérsico, uma mistura aromática e picante de temperos chamada baharat utiliza a páprica como ingrediente. O maior consumo na Europa é na Hungria e nos Bálcãs, tendo sido introduzido provavelmente pelos árabes que encontraram pimentões em colônias portuguesas na Ásia, trazidos do Brasil. Mais tarde foi desenvolvida uma espécie húngara com moderada picância, consumida fresca, em conserva ou como condimento de mesa. O prato húngaro mais conhecido mundialmente, o Goulash, um tipo de caldo grosso feito de carne e algumas variações de vegetais, como batatas, cenouras e páprica, frita rapidamente em um refogado de cebolas e toucinho de porco. Existem ainda alguns pratos temperados de vegetais e cozidos que utilizam a páprica em suas receitas. Os pimentões mais suaves são uma invenção européia, disseminada posteriormente. Por serem ocos, os pimentões são perfeitos para serem servidos recheados. São ótimos em saladas, servidas com frango, ovos, arroz, atum, presunto ou carne de coelho. Antes do uso, as sementes e as membranas fibrosas devem ser removidas. Normalmente são usados em páprica, em conserva e outros produtos derivados.



AS QUINONAS:


Os três pigmentos desse grupo são os ácidos carmínico, quérmesico e lacaico cuja cor é o vermelho vivo.

Carmim

Origem: Doetilopius coccus
Coloração: laranja ao vermelho.

O Carmim tem uma ampla faixa de tonalidades vermelhas substituindo os corantes sintéticos em especial a eritrosina.
O inseto do qual é obtido é o Doetilopius coccus, este inseto vive no cacto Nopalea coccineccifera, comumente chamado cochonilha. Esta teve sua origem no México, América Central e peru. O carmim consumido no Brasil é praticamente proveniente do Peru.
O carmim é completamente estável à luz, muito estável ao calor e a presença de agentes oxidantes, sua estabilidade ao pH se dá na faixa de 2,2 a 8,0 e sua cor varia segundo o pH do laranja ao vermelho.
Estudos em ratos demonstraram que não houve efeitos sobre o desenvolvimento do embrião em ratas grávidas, ou incidência de tumores em ratos tratados com carmim, foi relatado só um choque anafilático em presença de carmim.
Existem diferentes tipos de extração: processo alemão, inglês, chinês, francês, Moreno, Napier etc. todos ocorrem por extração hidro-alcoólica. O carmim é utilizado em alimentos como bebidas, sorvetes, iogurtes, cerejas em calda, bolos, bebidas lácteas em pó e massas com vegetais entre outros.


OUTROS CORANTES:


Betalaínas

Origem: plantas.
Coloração: vermelha e amarela.

São encontradas em plantas e apresentam comportamentos e aparência semelhantes às antocianinas. Podem ser extraídas facilmente com água de vegetais da ordem Centrospermeae, a qual pertence a beterraba (Beta vulgaris). São conhecidas aproximadamente setenta betalaínas (todas com mesma estrutura fundamental) 1,7 heptamelina. Das setenta conhecidas, 50 são [pigmentos vermelhos denominados betacianinas e 20 são pigmentos amarelos, as betaxantinas].
Das betacianinas, 75 a 95% consistem em betaninas e pequenas quantidades de isobetaninas e prebetaninas, além de dois pigmentos amarelos denominados vulgaxantina I e vulgaxantina II.
A beterraba é uma ótima fonte de pigmentos e pode conter valores superiores a 200 mg de betacianina por 100g do vegetal fresco, o que representa conteúdo de sólidos solúveis superior a 2%.
A betanina, pigmento de coloração intensa, apresenta maior poder tintorial que alguns corantes sintéticos. A estabilidade da betanina depende do pH (excelente estabilidade entre pH 4 e 5 e razoável entre pH 3 e 4 e pH 5 e 7) é instável em presença de luz e oxigênio, sendo destruída quando submetida a altas temperaturas. A termoestabilidade é maior entre pH 4 e 5 e a estabilidade da cor ocorre melhor entre pH 4 e 6. A atividade de água afeta significativamente a sua estabilidade. O suco de beterraba em pó estocado é muito estável, mesmo em presença de oxigênio.

Cúrcuma

Origem: extraído da raiz da Curcumã longa, planta nativa da Índia e sul da África.
Coloração: amarelo-laranja.

A curcumina é o principal corante presente nos rizomas da cúrcuma (Curcumã longa), também chamado açafrão das Índias. Além de ser utilizada como corante e condimento apresenta substâncias antioxidantes e antimicrobianas, que lhe conferem a possibilidade de emprego nas áreas de cosméticos, têxtil, medicinal e de alimentos.
A cúrcuma contém três componentes amarelos, a curcumina (CC) e seus dois derivados demetoxilados, a demetoxi-curcumina (DMC) e a bis-demetoxi-curcumina (BDMC). Os pigmentos da cúrcuma apresentam 50 a 60 % de CC, 20 a 30% de DMC e 7 a 20% de BDMC.Os três componentes apresentam espectro de absorção máxima na faixa de 420 a 425nm, o que justifica a prática usual de se expressar a cor total como curcumina.
A cúrcuma é cultivada em vários países tropicais incluindo a Índia, a China, o Paquistão, o Peru e o Haiti. O seu rizoma é comercializado desidratado, geralmente reduzido a pó fino, sendo muito empregado como condimento devido a seu aroma característico. O pó, genericamente chamado de cúrcuma, é cristalino, pouco solúvel em água e solúvel em etanol.
Três tipos de extratos são comumente obtidos a partir do rizoma da cúrcuma, o óleo essencial, a óleo-resina e a curcumina. A distinção entre os três componentes da cúrcuma ocorre pela cor e pelo aroma. Óleo-resina é o extrato mais comumente produzido e contém os componentes do aroma e da cor na mesma proporção que o condimento. É obtido por extração com solvente em processo idêntico ao usado para outros óleo-resinas de condimentos. O extrato de curcumina contém o responsável pelo poder corante e apresenta poucos componentes aromatizantes de cúrcuma. É produzido por cristalização do óleo-resina e apresenta níveis de pureza em torno de 95%.
A curcumina pura não é ideal para a aplicação direta em alimentos, devido a sua insolubilidade em água e a necessidade de converte-la em forma adequada para uso. É comum misturar a curcumina com solventes e emulsificantes de grau alimentício. Também se pode encontrar suspensões de curcumina em óleo vegetal.
A curcumina dispersa em meio aquoso apresenta cor amarelo limão em meio ácido e laranja em meio básico, é estável ao aquecimento, sensível a luz e a pH alcalino. (fator limitante no seu emprego em alimentos).
A cúrcuma apresenta maior aplicação na coloração de picles e como ingrediente em molhos de mostarda. É usada também sozinha ou em combinação com outros corantes como o urucum, em condimentos, sobremesas, sorvetes, iogurtes, snacks, temperos, cereais, margarinas, produtos lácteos e óleos.

Caramelos

Origem: várias fontes de carboidratos, é mais usado o xarope de milho
Coloração: caramelo.

Corante derivado do processamento de carboidratos é o mais utilizado de todos os corantes alimentícios.
A cor caramelo pode ser produzida a partir de uma variedade de fontes de carboidratos, mas habitualmente, é usado o xarope de milho. O amido de milho é primeiramente hidrolisado com ácido até um DE de 8 a 9; segue uma nova hidrólise com α-amilase até um DE de 12 a 14; depois com amiliglicosidase até um DE de 90 a 95. Dois grandes tipos de caramelos são produzidos. O caramelo eletropositivo ou positivo, que é feito com amônia, e o caramelo eletronegativo ou negativo, feito com sais de amônio.
A composição e poder corante do caramelo dependem do tipo de matéria prima e do processo utilizado, tanto reações do tipo Maillard quanto reações de pura caramelização são envolvidas e o produto comercializado é de composição bastante complexa. Os caramelos podem conter compostos corantes de alto baixo peso molecular, bem como uma variedade de componentes voláteis.

Outros corantes naturais que merecem ser mencionados são: a riboflavina (vitamina B2), que dá uma cor amarelo claro, o carvão vegetal medicinal (Carbo medicinalis) para a cor preta, o dióxido de titânio que dá uma coloração esbranquiçada e uma aparência mais opaca e gluconato ferroso, utilizado somente em olivas pretas.


CORANTES SINTÉTICOS ARTIFICIAIS

            A primeira síntese, acompanhada do esclarecimento da constituição do corante, foi a da alizarina (1,2-diidroxiantraquinona), a partir da 1,2-dibromoantraquinona, realizada em 1868, pelos químicos alemães Karl Graebe e Karl Liebermann. Daí em diante, outros mecanismos de síntese foram desenvolvidos, aumentando cada vez mais a gama dos corantes sintéticos conhecidos. Em 1956, quando se comemorava o centenário da descoberta da malva, foi apresentado o primeiro corante reativo, isto é, que reage quimicamente com a fibra celulósica. Mais recentemente, as preocupações com efeitos colaterais decorrentes do uso de corantes sintéticos em alimentos fizeram com que o uso destes passasse a ser severamente controlado e muitos sintéticos foram banidos para uso em alimentos. Do ponto de vista científico, a classificação dos corantes sintéticos pode ser feita quanto ao seu grupamento cromóforo principal ou quanto a suas características tintoriais, já que os corantes podem apresentar os mesmos grupamentos cromóforos principais, mas características de aplicação distintas. Quimicamente, ou seja, de acordo com seu grupo cromóforo principal, encontram-se na comércio cerca de 20 classes diferentes de corantes (azos, nitrosos, xantênicos, antraquinônicos, etc).
            Os corantes sintéticos permitidos pela legislação brasileira, seus prós e contras estão representados no quadro abaixo:

CORANTE
ORIGEM
APLICAÇÃO
EFEITOS ADVERSOS
Amarelo Crepúsculo
Sintetizado a partir da tinta do alcatrão de carvão e tintas azóicas
Cereais, balas, caramelos, coberturas, xaropes, laticínios, gomas de mascar.
A tinta azóica, em algumas pessoas, causa alergia, produzindo urticária, angioedema e problemas gástricos.
Azul Brilhante
Sintetizado a partir da tinta do alcatrão de carvão
Laticínios, balas, cereais, queijos, recheios, gelatinas, licores, refrescos.
Pode causar hiperatividade em crianças, eczema e asma. Deve ser evitado por pessoas sensíveis às purinas.
Amaranto ou Vermelho Bordeaux
Sintetizado a partir do alcatrão de carvão
Cereais, balas, laticínios, geléias, gelados, recheios, xaropes, preparados líquidos.
Deve ser evitado por sensíveis à aspirina. Esse corante já causou polêmica sobre sua toxicidade em animais de laboratório, sendo proibido em vários países.
Vermelho Eritrosina
Tinta do alcatrão de carvão
Pós para gelatinas, laticínios, refrescos, geléias.
Pode ser fototóxico. Contém 557mg de iodo por grama de produto. Consumo excessivo pode causar aumento de hormônio tireoidano no sangue em níveis para ocasionar hipertireoidismo.
Indigotina (azul escuro)
Tinta do alcatrão de carvão
Goma de mascar, iogurte, balas, caramelos, pós para refrescos artificiais.
Pode causar náuseas, vômitos, hipertensão e ocasionalmente alergia, com prurido e problemas respiratórios.
Vermelho Ponceau 4R
Tinta do alcatrão de carvão
Frutas em caldas, laticínios, xaropes de bebidas, balas, cereais, refrescos e refrigerantes, sobremesas.
Deve ser evitado por sensíveis à aspirina e asmáticos. Podem causar anemia e aumento da incidência de glomerulonefrite (doença renal).
Amarelo Tartrazina
Tinta do alcatrão de carvão
Laticínios, licores, fermentados, produtos de cereais, frutas, iogurtes.
Reações alérgicas em pessoas sensíveis à aspirina e asmáticos. Recentemente tem-se sugerido que a tartrazina em preparados de frutas causa insônia em crianças. Há relatos de casos de afecção da flora gastrointestinal.
Vermelho 40
Sintetizado quimicamente
Alimentos à base de cereais, balas, laticínios, recheios, sobremesas, xaropes para refrescos, refrigerantes, geléias.
Pode causar hiperatividade em crianças, eczema e dificuldades respiratórias.


CORANTES ARTIFICIAIS IDÊNTICOS AOS NATURAIS

            Os corantes orgânicos artificiais idênticos aos naturais são aqueles iguais ao princípio ativo, obtido do corante natural, mas são obtidos por síntese orgânica, através de processos tecnológicos.
            Os corantes idênticos aos naturais permitidos pela legislação brasileira são o beta-caroteno, o beta apo-8-carotênico, éster etílico de beta apo-8-carotênico, riboflavina e xantofila. Alguns autores classificam o caramelo obtido através do processo amônia nessa categoria de corantes.
            Dentre as aplicações dos corantes artificiais idênticos aos naturais, destaca-se o beta-caroteno, que dá cor a margarinas e o caramelo (processo amônia) que tem grande aplicação em indústrias de cerveja, refrigerantes e bebidas em geral.
           

PORCENTAGEM DE USO DE CORANTES NO MUNDO






                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

BIBLIOGRAFIA


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